Provas do concurso público geram reclamações e debate

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O concurso público de provas e títulos do município, realizado pela empresa OMNI Concursos, foi tema de diversos debates mesmo antes do seu acontecimento, devido ao aumento de casos de coronavírus em Sant’Ana do Livramento. Contudo, após as provas, que ocorreram no sábado, 09, e domingo, 10, surgiram diversas reclamações.

A secretária de Educação e Cultura, Sandra Pontes, contou que durante todo o dia do concurso esteve atenta, acompanhando, esperou as provas terminarem e logo foi divulgada a primeira nota a respeito da polêmica, sendo que já na segunda-feira, 11, foi feita uma reunião com a Comissão do Concurso, Banca OMNI e o Controle Interno.

“Durante todo esse tempo eu observei todas as demandas e percebi que a maior gravidade estava na prova dos anos iniciais e não poderia passar. Haviam queixas sobre as outras, mas eram pontuais perto da situação dos anos iniciais, que o concurso era a nível de ensino médio e foi feito ensino superior, além da quantidade de questões. Isso se tornou uma questão problemática”, afirmou.

Com isso, a prova de anos iniciais foi anulada e será reaplicada no dia 31 de janeiro. Quanto às outras provas, a secretária disse que é necessário aguardar o prazo de recursos, mas explicou que algumas questões levantadas podem estar equivocadas. “O Tribunal de Contas vem acompanhando a banca e nada apontou, isso é importante que as pessoas saibam”, ressaltou.

A secretária garante que cancelar o concurso não é considerado necessário neste momento, levando em conta que a banca se propôs a corrigir os erros, além de que pessoas já foram aprovadas, então restará um impasse. Outro ponto destacado por Sandra Pontes é que mesmo após o período de recursos, quem ainda não estiver satisfeito pode procurar pelo Poder Judiciário.

Sandra questionou a banca da empresa realizadora e contou que os mesmos responderam afirmando que erros acontecem.

 

Concurseiras

Na quarta-feira, 13, um grupo autointitulado como concurseiras (composto por Carla, Camila, Carolina e Daiana) esteve em frente à Câmara de Vereadores colhendo assinaturas dos participantes do concurso para ratificar seus apontamentos.

“Tivemos uma conversa com a Comissão de Educação e trouxemos insatisfações de várias pessoas referente às aplicações das provas. Então resolvemos nos reunir, elencar as principais irregularidades que encontramos e elaboramos um ofício, que precisava ser ratificado através de assinaturas”, explicou Carla Pires.

De acordo com ela, entre os erros identificados nas provas estão: questões com erros de digitação, questões com erros de concordância, palavras escritas de forma errada, questões em desacordo com o conteúdo apresentado no edital e com dificuldade acima do esperado para cada cargo.

Antes de irem até a Câmara colher assinaturas, foi elaborado um documento online, que contou com 719 assinaturas, e no local conseguiram 70 assinaturas. “Queremos a garantia de que a banca, diante da gravidade e quantidade de erros que ocorreram nas provas, atenda aos recursos. Acreditamos que o concurso é passível de anulação, são muitos erros. E se não forem anuladas, que caia a barreira de 50% em cada disciplina”, afirmou a participante.

 

Reunião

Na quinta-feira, 14, foi realizada na Câmara de Vereadores uma reunião da Comissão de Educação para tratar a respeito do concurso público, sob coordenação do vereador Dagberto Reis, presidente da comissão.

A sessão foi acompanhada por todos os 17 vereadores e contou com a presença da secretária de Educação, representantes da comissão de concursos, representante das “concurseiras”, representante do Controle Interno da Prefeitura de Sant’Ana do Livramento e também procurador-geral do Município, Felipe Vaz, além de um representante da OMNI.

Durante a reunião os presentes puderam levantar seus questionamentos para a OMNI e à secretária de Educação, com os questionamentos respondidos e sugestões

O representante da Banca OMNI, Pedro Gustavo, afirmou que todos os recursos serão analisados, informando também que apenas 4% dos candidatos ingressaram com o recurso. O vereador Dagberto Reis afirmou que são mais de mil recursos, contudo Pedro Gustavo explicou que para a empresa são contabilizados por candidato.

Pedro Gustavo ressaltou que o posicionamento da empresa será em cumprir o cronograma do concurso, afirmando que assumiram o erro e já tomaram o posicionamento em reaplicar a prova de anos iniciais. Ele destacou ainda que enquanto aguardam o prazo de recurso estão analisando as provas novamente.

 

Comissão de Educação

O presidente da Comissão de Educação, Cultura, Saúde e Desenvolvimento Social, vereador Dagberto Reis, explicou que a Comissão recebeu as reclamações, chamou as partes interessadas e cumpriu com a prerrogativa.

“Agora os concurseiros que estiveram também aqui representados é que vão tomar a posição deles. A Câmara de Vereadores não tem o papel de decidir pela anulação ou não do concurso, quem pode fazer isso é o Executivo, se assim entender. Nós cumprimos com a nossa parte que foi de ouvir e dar o devido encaminhamento e vamos agora aguardar que a empresa que fez o concurso corrija. Ela admitiu que errou em muitas questões”, observou.

O vereador ainda lamentou o critério de 50% da cláusula de barreiras, “porque temos o entendimento que isso vai trazer um problema para o município, não vai ser possível contratar todas as pessoas e vai ter que ocorrer uma contratação emergencial ou a realização de um novo concurso”, expressou.

Outra questão levantada é o recurso gerado pelo concurso, pois a empresa realizadora afirmou ter recebido menos de R$100 mil e a arrecadação foi superior a R$500 mil. “Então queremos saber se o município ficou com o dinheiro e se tem condições de, com esse recurso, realizar um novo concurso. Mas acho que cumprimos com a nossa parte, a gente sabe que isso não termina aqui, o Judiciário que vai decidir pela sua validade ou não”, concluiu.

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