Com 11.712 votos, a chapa Endireita Santana, encabeçada pela Delegada Ana Tarouco e pelo vereador Evandro Gutebier foi eleita para assumir o Executivo a partir de janeiro de 2021. Agora, com a vitória concretizada, é hora de planejar a gestão. Para entender como tem sido esse processo e quais os projetos iniciais, a reportagem conversou com a Delegada Ana Tarouco, confira:
CPAMPA: A que fatores a senhora atribui a vitória nas urnas?
Delegada Ana: Acreditamos que a vitória nas urnas veio de um conjunto, um momento em que a cidade realmente não aguentava mais tanto escândalo, falta de credibilidade, tantos problemas sem solução e meia dúzia de pessoas se locupletando da realidade do município. Nesse contexto surge uma proposta nova, nossa coligação Endireita Santana, com uma mulher delegada de polícia que no contexto de desvio de recursos, casou muito bem. Eu e o Evandro viemos apresentar um projeto diferente, o que fizemos ao longo da campanha, e que encontrou a ponta de esperança que a população ainda tinha dentro de um cenário político tão desgastado.
CPAMPA: A união de campo e cidade pode ter sido a receita para o sucesso?
Delegada Ana: Sem dúvida. Quando começamos a “costura” da coligação, já tínhamos essa intenção. Eu sou mais urbana até pela minha profissão e o Evandro é um homem do campo, produtor rural, conhecedor das dificuldades do meio rural. Acreditamos que o campo também merecia esse olhar diferenciado até para o desenvolvimento da zona urbana, já que Sant’Ana é uma cidade agro. Essa união com certeza colaborou para o sucesso.
CPAMPA: Qual a sensação de disputar com outra mulher em uma votação tão apertada em uma cidade que até então não tinha nenhuma prefeita eleita?
Delegada Ana: Me sinto lisonjeada pois o cenário da política ainda é inóspito para as mulheres, é sempre muito bom termos mulheres disputando esse cenário. A pouca diferença de votos deu um brilho a mais para a disputa, até porque a cidade nunca tinha sido governada por uma mulher e nesse contexto fronteiriço, com certeza é um fator de diferenciação que elevou e eleva a disputa.
CPAMPA: Qual foi seu primeiro pensamento após a confirmação de que estava eleita prefeita?
Delegada Ana: Foi de alívio e o segundo foi de responsabilidade. Alívio pois a campanha foi difícil, física e mentalmente desgastante e a responsabilidade pois a partir daquele momento sabíamos que não era só falar sobre esperança, agora as pessoas depositam em nós a esperança que entreguemos aquilo que nos propusemos durante a campanha.
CPAMPA: A senhora disputou a eleição com políticos experientes, inclusive que já passaram pelo governo municipal. Em algum momento, sentiu esse “peso”?
Delegada Ana: Sentimos que não foi uma disputa igual justamente pelo tamanho dos partidos com viés absolutamente empresarial, corpo técnico bem formado, recursos financeiros muito maiores que os nossos. Nossa campanha foi muito “coração”, com humildade e voluntários trabalhando conosco. Me senti Davi diante de Golias, o que ficou claro no debate, onde estive frente a frente com 30 anos de gestão santanense e eu humildemente querendo fazer um trabalho em outra linha, com inovação, então, com certeza, a desigualdade foi presente.
CPAMPA: O que os santanenses podem esperar de uma delegada de polícia como prefeita?
Delegada Ana: Honestidade, seriedade, pulso firme, controle, pertencimento das pessoas. Nós policiais somos absolutamente apaixonados pelo que fizemos e levamos isso para onde formos. Essa paixão, esse ‘querer fazer’ a cidade pode esperar, pois aquilo que falamos durante a campanha, a transparência que dialogamos com as pessoas na rua, tudo Sant’Ana pode esperar, para além de toda a questão de formação técnica, planejamento estratégico, organização clara de funcionamento, isso para nós na polícia é muito presente. Dentro do contexto santanense e pelo fato de eu ser delegada de polícia, talvez o que mais nos distingue é justamente isso: seriedade no trato com a coisa pública, com as instituições, com a população. Queremos esse diálogo, com seriedade e transparência.
CPAMPA: A senhora está licenciada da polícia mas seus proventos continuarão vindo desse cargo, ou a partir do ano que vem, será paga pela Prefeitura?
Delegada Ana: Agora temos esse momento de escolha, que pode ser feito até fim do ano. Possivelmente eu vá ficar com o salário de delegada e o de prefeita ficará para o Município.
CPAMPA: Como a senhora pretende se relacionar com a Câmara em geral e com os vereadores de oposição ao seu governo?
Delegada Ana: Da melhor forma possível. Tenho conversado muito com o Evandro que é vereador e já tem trânsito e diálogo com a Casa. Da minha parte também não vai faltar entendimento para com os vereadores. A cidade precisa fazer uma retomada de parceria e diálogo construtivo entre as instituições pelo desenvolvimento da cidade. Já estamos estabelecendo alguns diálogos e esperamos que nosso projeto para a cidade encontre voz na casa legislativa e acreditamos nisso, pois todos nós queremos a mesma coisa, que é o bem desta cidade e dos santanenses.
CPAMPA: Como foi o primeiro contato com o atual governo e o início da transição dos governos?
Delegada Ana: Já fizemos os trâmites iniciais para a transição e a partir de agora é aguardar e desejar que ela seja o mais tranquila possível.
CPAMPA: Já está estabelecido o número de secretarias que seu governo terá?
Delegada Ana: Estamos tratando isso agora. Até o dia da eleição, não havíamos conversado sobre isso pois tínhamos outra ideia de campanha. Queríamos fazer uma campanha de propostas de governo e não de trocas de cargos ou de conchavos partidários. A partir desta segunda-feira começamos a estabelecer esse diálogo, por isso não temos essas respostas agora. Tudo está sendo feito com muita serenidade e tranquilidade. Temos tempo para apresentar isso para a sociedade.
CPAMPA: Quais são as ações imediatas do seu governo, a partir do dia 02 de janeiro?
Delegada Ana: O Evandro e eu temos conversado muito sobre isso e a primeira questão a ser tratada é a organizacional, reunião com os funcionários para apresentação e um diálogo sobre o que cada um quer. Por outro lado, a primeira missão é tirar o município do Cadin, é o que precisamos falar e buscar soluções.
CPAMPA: Como está sendo pensada a situação da Santa Casa? A diretoria será mantida ou substituída?
Delegada Ana: Essa questão vai na mesma linha do secretariado. É uma resposta que ainda não temos, estamos trabalhando nisso e assim que estiver estabelecido, a sociedade vai saber.
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