Em Bagé, mulher abandona bebê com moradores de rua

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Acostumado a estar no meio dos moradores de rua, o presbítero da Igreja Assembleia de Deus, Rubens Inácio de Souza Lopes, se deparou, na madrugada dessa terça-feira, com um fato inusitado. Ao chegar no Pronto Socorro da Santa Casa de Caridade, onde costuma ir, moradores de rua foram encontrá-lo e falaram para o religioso: “Nós estamos com uma criança aqui com a gente e não sabemos o que fazer”, disseram.

Quando viu o bebê, que foi abandonado pela mãe, a primeira coisa que Lopes fez foi entrar em contrato com o secretário municipal de Assistência Social, Habitação e Direitos do Idoso (Smasi), Graziane Lara. O religioso contou que conhece de vista a mulher que abandonou a filha. Era uma menina de 1 ano e 11 meses de idade. O bebê foi deixado pela mãe dentro de um carrinho.

O religioso costuma ir até o Pronto-Socorro para dar assistência aos moradores de rua que pernoitam em frente o local.

Acompanhado de uma conselheira tutetal, Graziane acolheu o bebê e pegaram informações. Segundo o secretário, os moradores de rua relataram que era em torno das 19h quando a mullher deixou a criança no local e passava na meia-noite e ela não tinha retornado. “A guriazinha foi acolhida com todo o carinho na Casa de Acolhimento, onde foi alimentada . Agora, estamos em busca da mãe da criança para saber a real situação, porque ela está desaparecida. Não sabemos onde ela anda. Ligamos para os números que conseguimos, que estavam dentro do carrinho da bebê”, contou Graziane.

O trabalho, agora, segundo o secretário, é localizar a mãe da menina. “Não sabemos se ela é dependente química ou tem problemas psicológicos, porque, de maneira alguma, ela poderia ter deixado a criança onde deixou. Ainda bem que não aconteceu nada de pior contra a criança, porque os moradores cuidaram da inocente”, frisou.

O evangelizador das madrugadas

O religioso que costuma sair a noite para dar assistência a quem precisa e uma palavra de conforto diz que, para quem anda pelas grandes cidades do Estado e até mesmo do país, é comum ver pelas ruas pessoas puxando carrinhos e trabalhando como catadores ou aqueles que moram nas praças e embaixo de marquises. Segundo ele, muitas delas tendo como companheiros um cachorro e uma garrafa de cachaça para espantar o frio ou até mesmo o calor e que Bagé não foge dessa e realidade. “Aqui em Bagé é normal chegar no saguão do Pronto-Socorro da Santa Casa e encontrar alguns moradores de rua dormindo”, disse.

Um chamado de Deus

O presbítero conversou com a reportagem e contou que ele tem um trabalho voluntário com os moradores e catadores de rua de Bagé há três anos. “Eu realizo esse trabalho de evangelização com essas pessoas, também distribuímos alimentos, roupas e calçados. Graças a Deus eles confiam muito em mim”, falou.

Sobre a mulher que abandonou o bebê, o religioso disse que nunca teve contato com ela, mas que a conhece de vista. ” Ela está sempre junto aos moradores de rua”, afirmou.

Lopes relatou que, muitas vezes, vai até ao Albergue Municipal para conversar com as pessoas que estão abrigadas e até mesmo levar a palavra de Deus. Ao ser indagado se ele não tem medo de lidar com os moradores de rua, o religioso respondeu que não: “Conseguimos criar um elo de respeito”. Muitos deles saíram da rua e outros começaram a frequentar a igreja. “Às vezes eles estão muito alcoolizados. Eu converso com eles. Peço que me entreguem a garrafa de bebida. Todo esse trabalho que faço é porque foi um chamado de Deus”, verbalizou o religioso.

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