Com tanta angustia do nosso destino, num país tão dividido dos princípios morais ao material e político como o nosso, a busca literária é importante para respostas precisas. Você tem que aprender que antes de você ir aprender física, matemática, história, ciência social. Se você não tem um treino literário, você não tem nada. Você simplesmente não tem cultura. Você nunca vai entender uma discussão na qual você entra. É um absurdo ver como pessoas que têm às vezes uma formação científica excelente pode ser tolo a ponto de não entender nada do que está lendo no livro da vida, como fizeram os principais economistas do plano real: Persio Arida, Armínio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan. Todos assustados fazendo uma carta ao Lula depois de revelada as intenções dele de destruir o que eles tanto acreditam: o equilíbrio fiscal.
Imagino o sublime sofrimento deles e todos os empresários da Faria Lima paulista. Votaram num projeto que nem imaginariam que era justamente o contrário que eles pensam. Hora, se você não sabe nem saber se uma coisa parece verdade, como é que você vai saber se é verdade ou não? A mente, para ela chegar a ser capaz de investigar a sua realidade, distinguir o verdadeiro do falso, ela tem que treinar a percepção do verossímil e do inverossímil durante muitos anos. Claro que não sou um intelectual para ensinar isso, mas que tenho muita leitura dos mestres do pensamento humano, isso tenho.
Um dos meus autores preferidos é o Fiódor Mikháilovitch Dostoiévski, nascido em São Petersburgo em 11/11/1821, imortalizou-se como um dos maiores intérpretes das grandezas e misérias humanas na Literatura Universal. A estreia literária do jovem Dostoiévski deu-se em 1844, aos 23 anos, com uma tradução ao russo de Balzac. No ano seguinte, publicou o seu primeiro romance, de tintas realistas à la Gogol, Gente Pobre, que foi bem recebido pela crítica. No entanto, Dostoiévski foi abandonando o realismo determinista, alcançando o ápice de sua produção literária em obras marcadas pelo mergulho profundo à alma, que são proclamações da liberdade humana. Suas obras-primas são “Crime e Castigo” (1866), “O Idiota” (1869), “Os Demônios” (1872), e por fim “Os Irmãos Karamazov” (1880). “Chamam-me de psicólogo: não é verdade. Sou apenas realista no sentido mais elevado. Ou seja, retrato todas as profundezas da alma”, escreveu o romancista em seus cadernos em 1880, um ano antes de falecer. Segundo Carpeaux, Dostoiévski era um espiritualista — artista de trajetória trágica e tortuosa, numa vida marcada pelo drama político russo (inicialmente revolucionário, depois reacionário, fervoroso defensor do czar), pela prisão, pelo vício do jogo, pela doença: dramas que o genial russo soube transmutar na mais fina e profunda literatura.
Nesse sentido não poderia deixar de mencionar um brasileiro, o mais lúcido e genial: Machado de Assis. Foi sem dúvida o maior de todos. Mesmo sendo considerado pela elite burguesa de sua época um “ninguém”, não desistiu de seus objetivos, tanto é que se tornou um dos principais literatos do mundo. Eles são a minha bússola diante do sofrimento existencial da humanidade.
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