Percepções

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SOBRE  REVELAÇÕES E INCERTEZAS

Tem dias que consigo olhar com maior clareza para dentro de mim, identificando limites, aspirações, realizações e projetos. Cada vez mais me identifico com o lado esotérico da vida. Não fico limitado a interpretações de cunho religioso. Procuro ir além e interpretar os mistérios com a angustia de quem sabe que o caminho da verdade tem princípio, mas nunca terá fim.

O indecifrável não pode ser entendido quando a gente carrega um sentimento de culpa, por estar vivo.  Vida tem que ter leveza.

O milagre está neste instante em que consigo escrever, sinal de que produzo, através da vida que me foi dada, a possibilidade de entende-la em sua plenitude. Refiro-me a uma compreensão mais profunda, aquela que se estende através dos tempos, cuja memória não pode ser apagada pela poeira da história.

Em verdade existem milhares de respostas para perguntas não formuladas e poucas que expliquem o real sentido da vida. Aqui residem minhas inquietações. Estamos de passagem? Até onde se vive? A morte é um rito de passagem ou encerra definitivamente o que um dia existiu? Vamos encontrar Deus?

É preciso ter leveza na vida. Fora dela, são sensações, inspirações, crenças e sentidos que não cabem no limite estreito de nossos conhecimentos.  Entre a fé e a razão, existem outros graus de consciência difíceis de serem decifrados.  Sábios tentaram nos dizer, de diversas formas, como encontra-los. Está tudo escrito. Ou, revelado, de forma simbólica.

 

IPÊS E AMIZADES

Recebi esta bela mensagem do primo Luis Marinho e repasso, carinhosamente, para os leitores, esta “percepção “ sobre o Ipê e a amizade.

“Não há florestas de ipês. Há ipês nas florestas. Um aqui, outro lá. Como não há multidão de amigos. Há amigos na multidão. Raros, consistentes, mas poucos. O ipê marca sua presença na paisagem, como o amigo marca sua presença na memória. No ipê, a flor é frágil e passageira. O tronco é sólido e resistente. O tronco é a alma. A flor é a palavra. No amigo, mais que na palavra é na alma que se apoia o coração que busca. Mais importante que aquilo que diz é aquilo que é…O ipê chama a atenção, mas não se exibe. Cumprida sua tarefa, ele se perde na vegetação que o cerca. Com humildade e discrição …

É assim o amigo. Presente na hora exata, não alardeia a amizade que oferece. A amizade é uma sintonia do espírito. Não é um cartaz colado na testa, nem um rótulo fixado no exterior.

O ipê nada pede. Nasce espontâneo e não fica a exigir cuidados.

Como o amigo, que não é interesseiro. Porque amigo que se move em troca de favores não é amigo. O amigo nunca deve e nunca cobra. Ele apenas é. E nisso está sua característica. O amigo não se deixa vencer em generosidade. A prestatividade e a solicitude são para ele como o respirar. Brotam do seu ser com a naturalidade que nunca parece exigir esforço, sem aguardar retribuição.

Entre tantas lições que nos dá o ipê, esta, a da amizade, é das mais preciosas. Não é rico, porque não tem frutos. Consegue ser amado por aquilo que é e não por aquilo que tem…

Ele vem dizer, todos os anos, que a amizade é um tesouro. Como o ouro da cor que o reveste. Esse mês, quando o ipê retorna, é o mês que me lembra o melhor amigo que tive: meu pai. Que me habituou a valorizar as coisas sólidas e consistentes, perenes, com as quais se pode contar. Que a traça não corrói e a ferrugem não desgasta. Que começam na terra e passam para a eternidade. Cultive a amizade. Ela dura sempre. Os aplausos fugazes morrem e os elogios vazios desaparecem. Mas ela é forte como o tronco do ipê. É como a vida que não desiste. É o suporte de todas as outras coisas. E dá valor a todas elas.”

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