Percepções

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Buscando entender porque a primeira janela foi quebrada

Por  Carlos Gonçalves

 

A teoria das janelas quebradas ou “broken windows theory” é um modelo norte-americano de política de segurança pública no enfrentamento e combate ao crime.

Uma estratégia de êxito para prevenir o vandalismo, dizem os autores do estudo, é resolver os problemas quando são pequenos. Reparar janelas quebradas em pouco tempo, dizem os autores, e ver-se-á que os vândalos terão menos probabilidade de estragar mais. Limpar os passeios e a tendência será de o lixo não acumular.

A deterioração da paisagem urbana é lida como ausência dos poderes públicos, portanto enfraquece os controles impostos pela comunidade, aumenta a insegurança coletiva e convida à prática de crimes. Não é a intenção falar sobre criminalidade, mas aproveitando parte do estudo, expor e criticar a situação da infraestrutura urbana da nossa cidade.

Minha intenção é provocar a reflexão e o questionamento de todos que lerem este pequeno texto, e mesmo que sejam opiniões negativas, a postagem já terá cumprido seu propósito.

Passeando por Santana do Livramento, observei o caos da paisagem urbana, e o pior de tudo foi perceber que as pessoas parecem inertes e acostumadas com esse caos.

Na sociedade que não questiona, deixa-se de lado o que realmente poderia ajudar: tentar entender por que a primeira janela foi quebrada.

Efetivamente, é difícil tentar entender algo ao meio de tantas informações prontas, de tantas vozes, mesmo que falando em nome de tão poucas pessoas. É mais fácil, então, aceitar e propagar que não há meios ou recursos para solucionar problemas que afetam uma sociedade inteira. E se esse discurso não atrapalhar o meu conforto, mais fácil ainda, aceitar e se acomodar.

Daí que nascem pérolas do tipo:  “não tem jeito”. É justamente esse instinto ruim de acomodação diante do caos que destrói o que há de mais elementar no ser humano: a capacidade de procurar encontrar soluções das mais variadas para os mais diversos problemas.

É a clássica reprodução de massa que, usando desse determinismo prosaico, cria seres sem capacidade de autodeterminação. Seja porque incute na sociedade o sentimento de abandonar o que ou quem já está perdido, seja porque ao aceitar como banal as imperfeições, abandona também sua capacidade de pensar, de refletir e de questionar.

Ou ainda, nas palavras de Hanna Arendt “em nome de interesses pessoais, muitos abdicam do pensamento crítico, engolem abusos e sorriem para quem desprezam. Abdicar de pensar também é crime”.

São inúmeros os locais em deterioração, postei apenas algumas imagens para ilustrar. Todas são atuais e do centro urbano de nossa cidade.

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