História

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O defensor das liberdades individuais

No Brasil, muitos homens deixaram seu nome gravado nas páginas da história do país por suas brilhantes atuações. Me refiro ao jurista baiano Rui Barbosa, célebre pela seguinte frase: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantaram-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se e a ter vergonha de ser honesto”.

Muito apropriado para os dias que estamos vivendo. Rui tinha um senso de justiça aliado à sua inteligência que o colocou num patamar diferenciado em relação a seus contemporâneos. Historicamente, a Constituição brasileira de 1891, a primeira da República, foi obra de um único homem. O jurista Rui Barbosa costumava reunir-se diariamente com o presidente Deodoro da Fonseca para apresentar o texto que ia elaborando. Certa vez, recebeu uma reprimenda:

– Quer dizer então que, se eu quiser, não vou poder fechar o Congresso? -É isso mesmo – respondeu Rui. – Pois pode deixar o texto assim. Vou fechar de qualquer jeito – avisou o presidente. Quando o marechal cumpriu a promessa, o baiano revoltou-se e pediu demissão do ministério. Seu apego à justiça também lhe renderia problemas no governo seguinte.

Quando Floriano Peixoto assumiu o governo, que era amigo de Rui, ganhou um opositor ferrenho quando passou a perseguir e a torturar os adversários. O jurista congestionou os tribunais com pedidos de habeas corpus em favor dos presos políticos. Teve sua prisão preventiva decretada e acabou refugiado na Inglaterra. Uma década mais tarde, era tido como o homem mais inteligente do Brasil. Quando se queria elogiar alguém por uma ideia brilhante, era moda dizer: – Você é muito Rui.

A reputação de gênio, angariada graças à habilidade como orador e os artigos eruditos, se cristalizou coma participação na Conferência de Paz de Haia, em 1907. Sua notável participação na conferência, com sua argumentação poderosa, defendendo os países fracos, reverteu os rumos da conferência. Isto criou um mito brasileiro que era alimentado pelas incríveis histórias sobre a memória e a inteligência de Rui. De volta ao Brasil, a Águia de Haia quis capitalizar o prestígio realizando o sonho de ser presidente. Candidatou-se três vezes, em 1909, 1914 e 1919, e em todas foi derrotado. Quando contava com 73 anos, destacava-se pelo ardor dedicado à defesa de liberdades individuais. Defendeu causas como igualdade entre homens e mulheres e a liberdade de culto. Também foi um abolicionista. Ele escreveu: “mais justo seria se pudesse descobrir meio de indenizar os escravos”. Rui Barbosa tem um lugar de destaque na galeria de grandes juristas e tribunos.

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