O CARISMA DE UM CAUDILHO
Os caudilhos sempre se destacaram nas revoluções sendo decisivos nas ações de guerra e de liderança militar. Foram protagonistas nos principais fatos registrados na história do Rio Grande do Sul. O que é um caudilho? O escritor Aurelio Porto, generalizando define: “ Guerreiro, político, as suas ideologias refletem seus pendores pessoais”. A lei suprema e fio da espada”. Também podemos considerá-lo como juiz, patriarca, conselheiro, protetor, homem de campo, homem a cavalo, homem de guerra. É um respeitador da lei e que tem força de lei. Na Revolução de 93 surgiu Gumercindo Saraiva, um dos maiores caudilhos, um verdadeiro “senhor da guerra”. Esse carisma de um grande líder e seus adeptos eu pesquisei a história real no livro Coração de Caudilho de Ricardo Aldabó Lopes, que registra a lealdade e pensamento dos gaúchos na campanha no Paraná, desta forma:” Os gaúchos seguem fielmente a Gumercindo, sob qualquer circunstância e apesar de todas as penúrias. Se for necessário oferecer suas vidas para seguir o caudilho, eles o fazem com a satisfação de morrer por ele e junto a ele. E isto acontece por suas ações de homem e guerreiro. Eles viram Gumercindo ajudar a empurrar as carretas de feridos e suprimentos através de picadas quase intransponíveis, íngremes e com atoleiros. Presenciaram suas demonstrações de solidariedade com os feridos e os necessitados. Souberam que desdenhou festas, honras e encontros políticos, para compartilhar o churrasco com os companheiros e dormir nas humildes tendas do acampamento. Todos apreciam a serenidade inalterável do caudilho, sua honradez, sua moral, sua humanidade e seu desprezo pelos prazeres fora de hora. Muitas vezes estiveram em combates onde o seu maior comandante atuava nos lugares mais perigosos, armado somente com seu chicote. Não há qualquer razão pecuniária ou política nesta confiança e fé desmedidas. Poucos deles conhecem as questões políticas; somente compreendem os governantes, não os governos. Esses gaúchos não aspiram coisas fora do seu alcance, tais como eleições, cidadania e organização institucional. Eles estão na guerra para evitar a humilhação. Querem trabalhar em paz e que as autoridades mantenham a ordem. Desejam ser respeitados em seus direitos de viver e pensar. Tiranias e ditadura não são para eles. Os guerreiros de poncho não tem preocupações políticas, as quais são deixadas para seus líderes e os doutores. Mas, assim como antes tiveram o instinto da independência e fundaram pátrias, hoje têm o instinto da liberdade e fazem revoluções, abrindo caminho para a democracia. Eles escutam o coração do caudilho, que lhes fala em liberdade. Seguem sem qualquer hesitação, visando alcançar o futuro glorioso das pátrias e dos povos do sul da América, o grande caudilho que é um deles, o primeiro deles”. Portanto, o caudilho foi um produto do tempo, que desapareceu quando se encerrou o ciclo heroico do Rio Grande.
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