Diálogo – 13/02/2021

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Vazio existencial

Esta semana fiquei abalado com o suicídio de uma querida colega de longa data que foi morar em Ibiraiaras no norte do Estado. Seu filho relatou que seu marido se suicidou por uma profunda depressão após a perda da jovem irmã por covid. Gessi, aos 66 anos era uma pessoa doce, alegre, saudável. Ela não suportou o desatino do marido, e na mesma hora cometeu a mesma loucura. Foi uma tragédia que abalou parentes, amigos e a pequena comunidade.

Nesta pandemia, muitas pessoas não serão resgatadas desta crise se não se acudir desde já aos problemas de saúde mental. Para o psiquiatra português Vítor Cotovio, a crise de saúde mental está instalada. Ignorá-la será um erro “de dimensões catastróficas”. Passada a crise pandêmica, que não outras que hão de se seguir, justificar-se-ia a criação de um ministério da solidão. Disse que há muito tempo, na Inglaterra, essa iniciativa foi criada num conjunto de medidas interessantíssimas, com atenção à forma como se utilizavam os transportes, as tecnologias, os espaços das escolas, para que eles fossem o contrário da solidão. Porque a solidão mata. E pode ter consequências que podem ser maiores que a obesidade, maiores que um determinado número de cigarros por dia.

Diz ele, que a venda de antidepressivos disparou em todo mundo. Um dos fatores é a fadiga ou exaustão pandêmica. Quando a pandemia começou, como era uma coisa nova e de âmbito global, as pessoas ativaram o instinto de sobrevivência e reagiram com medo e ansiedade. O medo é uma resposta emocional a uma ameaça iminente, que é real e percepcionada por nós como uma ameaça à sobrevivência. E, portanto, quando as pessoas começaram a aperceber da dimensão do problema e da existência de variáveis que não se controlam, acionaram o medo. Como a pandemia trouxe uma crise sanitária, mas também a ameaça de uma crise econômica, as pessoas entristeceram. Nessa altura, perante as imagens dos outros países, foi mais fácil mobilizar o mecanismo fundamental do ser humano, que abdicou da sua liberdade em troca da segurança e da sobrevivência no sentido biológico do termo.

Os idosos sofrem mais com a solidão e com este fato, acharem que não poderão viver bem os poucos anos que ainda têm para viver. Agora as novas variantes do vírus são mais transversais e, nas crianças, a preocupação é conseguirmos compensar o fato de elas estarem mais amputadas do toque e da relação com os outros. Não esqueçamos que o toque também amadurece, também cria valor e princípio. Depois, tem os adolescentes, por natureza são desligados com os idosos, mas também são solidários se bem dirigidos.

Muitas vezes as intervenções farmacológicas se assumem como única alternativa porque as pessoas não têm acesso às intervenções cognitivo-comportamentais, de gestão da crise e do stress. O resultado é que o sofrimento pode se instalar por falta complementar entre a parte biológica e a parte psicológica. Nunca devemos subestimar a depressão em tempos tão difíceis. No primeiro sinal de vazio existencial, consulte um psiquiatra ou psicólogo para te ajudar. Cuidem-se!

 

* PARABÉNS A VIGILÂNCIA EM SAÚDE E SANITÁRIA PELA ORGANIZAÇÃO E EFICIÊNCIA NA APLICAÇÃO DE VACINAS CONTRA O COVID NO DRIVE THRU.

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