Diálogo

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Pretéritos militares de Sant’Ana do Livramento (parte I de III)

200 anos de Sant’Ana do Livramento

 

Em 1810, achando-se quase toda Espanha ocupada pelos exércitos de Napoleão, que impunha a Madrid como Rei seu irmão José Bonaparte, a Corte de Cadiz representava perante o mundo colonial hispânico a independência e soberania da Metrópole. Por ela fora investido no governo da banda oriental, em Montevideo, o General Javier Elio, que se defrontou em dificílima situação, em vista de revolução que explodira em Buenos Aires, a princípio contra a soberano intruso francês, depois a prol da libertação definitiva do antigo Vice-Reinado do Prata.

A então Princesa Regente do Brasil, esposa do futuro D. João VI, Infante da Espanha, D. Carlota Joaquina, era a natural representante nesta parte da América de seu irmão, o Rei legitimo, despojado pela napoleônica, Fernando VII. A ela se dirigiu o Governador Elio, suplicando auxílios que lhe permitissem enfrentar as consequências em que se encontrava. Nasceu assim, a 1ª divisão do Vice-Reinado meridional, que a argúcia política de D. João saberia convenientemente explorar até a anexação do Uruguay ao Brasil, como corolário da derrota do caudilho José Gervasio Artigas, na campanha de 1816 a 1820, que se consumaria definitivamente na paz de 1828 entre o Império e a República Argentina.

Para ajudar o Governador Elio, D. João celebrou com ele um tratado de auxilio, concentrando na fronteira, então quase despovoada e mal delimitada, entre o Brasil e o Uruguay, um exército luso-brasileiro sob o comando do Capitão-General da Província de São Pedro do Sul, D. Diogo de Souza, 1º Conde do Rio Pardo. Se destinava a mostrar aos revolucionários de Buenos Aires que o Brasil estava atento aos acontecimentos platinos, sustentaria a governo montevideano nomeado pela Corde de Cadiz e não permitiria a absorção da Banda Oriental nos destinos das demais províncias do Prata. Ademais, sua marcha através das planuras orientais seria um reconhecimento militar em grande estilo, que prefaciaria a guerra vitoriosa de alguns anos depois.

Se deu oficialmente a este agrupamento de tropas o nome de Exército Pacificador e foi dividido em duas colunas: A da esquerda, sob o comando do Marechal de Campo de Infantaria Joaquim Xavier Curado (Conde de São João das Duas Barras), acampou nas margens do Rio Ibirapuitã, onde também se estabeleceu o Quartel General de D. Diogo de Sousa. Daí o nome àquele sítio que o povo deu de Acampamento de São Diogo que tempos depois se originou Sant’Ana do Livramento…  Continua na próxima coluna.

(*Bibliografia: Gustavo Barroso – do Museu Nacional de História e Membro da Academia Brasileira de Letras)

 

 

 

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