Diálogo

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Desfile dos 200 anos da Independência

Minha geração foi criada com os desfiles cívicos enternecedores de amor a Pátria, mas a partir de um momento muito estranho aos sentimentos que acalentávamos, inconscientemente ou não, foram supridos pelo desamor a Pátria, inclusive os patriotas eram cancelados nas redações dos jornais. Isso foi a partir de 1995 com a participação do Grito dos Excluídos, composto por movimentos sociais, das igreja e sindicatos. Tudo no bojo de um novo conceito nacional com a entrada dos movimentos populares da chama esquerda nacional “sem medo da esperança” sob o guarda-chuva do Partido dos Trabalhares. Que aliás, detesta a palavra Pátria, para eles é o Estado que vale, principalmente com eles no comando. Bem, isso é tema para outra coluna.

Mas o que quero mesmo é lembrar a grandeza deste país neste desfile épico, cujos corações quentes sempre resistiram novas correntes de pensamento que transfigurasse nossas origens: a monarquia. Somos inconscientemente monarquistas, a favor de um “rei” que cuide de cada um de nós do que de um republicano que cuide do País. Prova é, sempre escolhemos mais políticos que prometem cuidar das pessoas, aos que querem cuidar da Nação. Daí nossa confusão nacionalista que nos leva ao radicalismo ideológico ou social.

Nos desfiles cívicos há beleza nas forças nacionais em ebulição, há fulgor dos militares brasileiros em geral, em especial aqui em Livramento, com os militares do Uruguay marchando com o Exército amigo como um poema a um mundo em guerra. Com os estudantes marcharam orgulhosos em passadas do coração a nos demonstrar de que a Pátria do Patriarca da Independência, José Bonifácio (1763-1838), está mais viva do que nunca.  Naquele tempo, os homens ao redor de uma mesa são conspiradores, reunidos, segundo eles próprios, “defender por todos os meios a integridade, categoria e independência do Brasil, como Reino, e uma Constituição legítima do Estado”. Um velho chamado Tibiriçá, dirige os trabalhos, propondo a formação de uma sociedade secreta, o “Apostolado da Nobre Ordem dos Cavaleiros da Santa Cruz”. O primeiro a aplaudir a ideia é um jovem chamado Rômulo, em 02 de junho de 1822 no Rio de Janeiro. Brasil e Portugal ainda formavam um Reino Unido, mas aqueles homens queriam o Reino do Brasil senhor de seus destinos. Por isso, tratavam de se organizar clandestinamente. Três lemas os uniam: “Independência ou Morte”, “União e Tranquilidade”, “Firmeza e Lealdade”.

Afirmo, sem titubear, que estes lemas ainda latejam dentro de nós, que o medo de nossa bandeira ser vermelha é uma bobagem, simplesmente porque o suposto “líder” é um abécula sem saber. Todos amamos nosso Brasil, com todos seus matizes sociais e raciais. Prova é, os desfiles cívicos-militares, todos orgulhosos da Pátria, com a bandeira como manto: inocentemente ou ferozmente patriota, resgate da nossa bandeira pisoteada no chão. Este ano se somaram seis chefes de Estado da língua portuguesa à felicidade de ser brasileiro: de Cabo Verde, Guiné-Bissau e Portugal. Além deles, enviados especiais dos governos de Angola e Moçambique, e o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, aos festejos dos 200 Anos da Independência e mais uma série de agendas comemorativas. Enfim, o aventado caos, foram só enormes campos de flores amarelas. Te amo meu Brasil!

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