Em alguns livros os historiadores comparam a figura do gaúcho rio-grandense com o gaúcho argentino e oriental. São parecidos, mas não idênticos, pois o nosso gaúcho do pampa é essencialmente luso-brasileiro. Ele sofreu a influência platina que não podemos negar, mas é oriundo do lugar onde se encontra, sem resultar de imitações ou emigração. Este tipo social se relaciona com o meio geográfico e econômico determinado: a pampa, exploração do gado xucro, o chamado negócio da “courama e sebo”, a falta de limites sobre a propriedade da terra, a liberdade do homem a cavalo, o acesso ao alimento e sua renda através do contrabando. Homens frutos do rápido florescimento pastoril. Os historiadores acreditam que os primeiros gaúchos surgiram na época das vacarias quando alguns permaneceram na Banda Oriental, desvinculando-se de seus patrões. Dedicaram-se ao abate por conta própria do gado selvagem e a venda de couros que deu surgimento a um negócio lucrativo, como também o contrabando do gado roubado de um lado ou outro da fronteira. Na minha opinião, por meio das minhas pesquisas, tudo começou com a Colônia do Sacramento por ter sido um forte ponto de comercio e negócios. Os primeiros gaúchos, possivelmente santafesinos ou boarenses, foram incorporados indios tapes fugitivos das missões, portugueses desertores, os chamados faeneros, changadores e gaudérios (ladrões de gado). Em geral os grupos eram misturados. O gaúcho foi o típico habitante da campanha. A mistura de índios, espanhóis, contrabandistas, bandoleiros e portugueses formaram parte da população errante do meio rural. Existiam gaúchos brancos, negros e mestiços. O que os distinguiam era seu tipo social, seu modo de vida, e não a raça. Suas propriedades eram o que portavam: seu cavalo, o laço, boleadeiras, sua adaga e a guitarra. Vagavam livremente pelos campos, ocasionalmente abatiam alguma rês para comer, e dormiam ao relento. Para o gaúcho não existia lei nem rei e fazia justiça pelas próprias mãos fazendo alardes de sua coragem, e seu principal inimigo era a autoridade. Os campos sem fronteiras definidas o permitiam cavalgar sem limites, e a existência de muito gado obtinha o alimento e couros para a troca por outros produtos como: cachaça, erva e tabaco. Portanto, não dependia de um salário para viver, era de reação rápida e bom na “peleia”. Assim era a vida desses homens errantes que muito contribuíram nas lutas pela liberdade destes pagos sulinos. Gaúchos anônimos que escreveram seus nomes nas páginas da história ou esquecidos por uma cruz solitária no meio do campo.
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