História

PERSONAGEM DE UMA SAGA

O italiano Giuseppe Garibaldi foi chamado de O Herói dos Dois Mundos. Sua fama de guerreiro da liberdade ultrapassou as fronteiras, e desde 1836, quando viajara exilado para o Brasil, o condottiere italiano estreitara suas relações com a vida política da América. Mal desembarcou no cais do Rio de Janeiro aceitou lutar ao lado dos rebeldes na Guerra dos Farrapos na Província do Rio Grande do Sul, travada contra o Império brasileiro (entre 1835 e 1845). Pedindo a dispensa, Garibaldi envolveu-se com as lutas no Uruguai, participando do sítio de Montevideo em 1843. Lá, ele organizou uma legião integrada por italianos conhecidos como “os camisas vermelhas” temidos pela bravura apresentada nos combates. Com as notícias de sua pátria, em 1848 retornou à Itália, porém, fracassada a unidade nacional, como representante na Assembleia Nacional reunida em Roma em 1849, ele reembarcou para a América, aportando em Nova Iorque em 1850. Ao retornar à Itália em 1858, assumiu o comando dos Caçadores Alpinos que lutaram contra os austríacos pela unificação da península. Em 10 de maio de 1860, desembarcando de surpresa na Sicília, ele tomou Palermo. Voltando à península, a 7 de setembro de 1860, marchou até Nápoles que se rendeu ao grande capitão. Com apenas 1.400 homens Garibaldi superara um exército de 20 mil soldados, tal o entusiasmo patriótico que ele despertava na população que pegava em armas por onde o condottiere passava. O feito foi tão extraordinário que a intelectualidade europeia, dos escritores Victor Hugo e Alexandre Dumas, saudou a “fantástica aventura”. Após ter feito a ilha de Sicília e a cidade de Nápoles integraram-se ao restante da Itália, Garibaldi desmobilizou-se. Rejeitou o grau de general que o Rei Vitório Emanuel II lhe oferecera e retirou-se para o seu refúgio na ilha de Cabrera nas Baleares. Sua fama fez com que, provavelmente, um emissário de Lincoln o visitasse. Ele recebeu um convite do Presidente norte americano para desembainhar sua espada na Guerra da Secessão. Porém a viagem para salvar o Norte não se deu. Seja como for o italiano não aceitou. Pesquisadores dizem que foi um mal-entendido. Porém, foi descoberto na casa da família real italiana, um pequeno cartão postal endereçado a sua Alteza sobre o resultado do encontro de Garibaldi com o representante de Lincoln. Historiadores norte-americanos por sua vez dizem que o convite jamais foi para que Garibaldi assumisse o comando supremo do exército dos Estados Unidos, mas sim como general de brigada. Não seria ideal entregar o exército a um estrangeiro, mesmo a uma lenda viva como era Garibaldi. Na sua ilha, em Caprera, ponto de referência de sua vida, Garibaldi recebeu visitas ilustres como políticos, militares, governantes e intelectuais. Um homem singular como ele só poderia marcar um capítulo de ouro na história da sua pátria, com reflexos em todo o Universo. Ele nunca dispensou o uso do poncho gaúcho e do chimarrão, um elo de amor aos costumes do Rio Grande do Sul.