História – 05/12/2020

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CERRO LENDÁRIO
Chegando próximo a Livramento, ergue-se majestoso e lendário o Cerro de Palomas, conhecido como o cartão postal de nossa cidade. Além de sua beleza natural, inspirador de cantos e poesias, lembrei de suas histórias. Vou começar com a origem de seu nome, que foi denominado pelos espanhóis, quando esta área pertencia à estância jesuítica de Japejú, possivelmente devido a esses pássaros que faziam seu ninho no cerro. Existe um fato histórico que aconteceu, em suas imediações, durante a revolução de 1923. Logo após da significativa vitória de Ponche Verde, uma das maiores da revolução, Honório tomara a direção de Sant’Ana. Porém, ao mudar de ideia, a coluna se deteve em Palomas, uma estação de estrada de ferro e povoado do mesmo nome.

Em março, próximo a estância Goiabeira, deu-se um violento combate, ocasião em que o Capitão maragato Adalberto Correia comandou uma carga heroica contra os governistas do Coronel Sinhô Cunha e o mercenário Nepomuceno Saraiva, entrincheirados numa mangueira de pedra. Esse ataque, vitorioso, foi considerado como a “última carga de lança no Rio Grande do Sul”.

O General Honório fez alto bem próximo ao local do combate, com o tríplice objetivo: homenagear os mortos de março, ler a ordem do dia do Poncho Verde, e saudar a Independência do Brasil. Toda a tropa foi formada, houve um silêncio em reverência pelos companheiros tombados na luta. Lida a ordem do dia, registrando o significado daquele 7 de Setembro, dia da Pátria, e uma reflexão sobre os ideais pelo qual estavam lutando, a liberdade do Rio Grande, então a banda, formada por músicos revolucionários, entoou vibrante o Hino Nacional. Esses dedicados músicos acompanhavam a coluna, porém, em determinadas situações trocavam os instrumentos pelas armas. Os acordes do hino ressoaram no campo e no coração daqueles combatentes que emocionados o cantaram, respeitosos e comovidos.

Depois dessa cerimônia patriótica e emotiva, o general Honório deu a ordem de marcha e a banda tocou o dobrado “Saudades de Minha Terra”, música utilizada durante a revolução de 93, som que animava e estimulava aqueles bravos. A coluna lentamente deixou Palomas rumo a Quaraí. Finalmente, o Cerro Palomas é envolvido pelas nevoas misteriosas do tempo. Também, descobri uma narrativa envolvendo o Cerro. Contam que um rico fazendeiro, ao redigir seu testamento, deixou escrito que, quando morresse seu corpo fosse enrolado no couro do melhor boi de seu rebanho e depois enterrado no alto do Cerro Palomas. Mito ou verdade? Tudo é possível na imaginação e na tradição popular, concordam?

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