Com o constante aumento de casos de coronavírus no município, a reportagem conversou com parte da equipe que realiza as coletas domiciliares da Vigilância Epidemiológica, a enfermeira Iana Haas Garcia e os técnicos de enfermagem Cristiano Maciel e Ashley Suleiman, a enfermeira Pamela Vargas também faz parte da equipe, porém não pode estar presente.
Os profissionais têm vivido uma rotina cansativa realizando as coletas domiciliares indicadas após atendimentos realizados na Unipampa, postos de saúde, barraca de campanha da Santa Casa e teleatendimento. De acordo com Cristiano, nas últimas semanas vem sendo realizada uma média de 40 coletas domiciliares por dia em Sant’Ana do Livramento.
A equipe, antes da pandemia, desempenhava funções em outros locais, Iana era enfermeira no PAM e chegou para dar apoio na Vigilância em março, Cristiano trabalhava no serviço de atendimento especializado do setor de IST’s e em agosto se juntou à equipe, logo em seguida, em setembro, Ashley que atuava no sistema particular, integrou o grupo.
“Tem sido bastante cansativo, temos iniciado as coletas 08h30, chegamos antes e vemos as demandas diárias, então organizamos o serviço para depois sair para as coletas. Geralmente nos dividimos em grupos de dois, por turnos (manhã e tarde)”, contou Iana sobre a rotina diária da equipe durante a pandemia.
Procedimento para as coletas domiciliares
Para que seja indicada a realização do teste domiciliar, o paciente passa por uma avaliação médica, e então é informada à equipe a demanda, porém é importante frisar que o serviço a domicílio é exclusivamente para a coleta de teste rápido ou PCR, não havendo serviço médico.
“A coleta deve ser feita preferencialmente entre o terceiro e quinto dia de sintomas, temos muito cuidado com isso, porque se fizermos fora do período o exame pode ter resultado alterado. Então quando está dentro do período temos demorado entre 24 e 48 horas no máximo para a realização da coleta”, disse Iana.
O técnico em enfermagem Cristiano relata que as pessoas já esperam pela equipe, pois, após o atendimento médico, já são informadas da coleta. O resultado desses exames, quando vão para análise no laboratório da Unipampa, em São Gabriel, levam em torno de 24 horas para chegar, já quando a análise é feita em Porto Alegre demora entre 72 e 96 horas.
Após ter os resultados, a equipe entra em contato pelo telefone que o paciente informou na coleta e faz as devidas orientações, tanto quando é positivo quanto em resultados negativos.
Isolamento – a grande dificuldade
Os profissionais atribuem uma parte do aumento dos casos pelo descumprimento do isolamento.
“Uma das maiores dificuldades hoje em dia é o paciente que testou positivo para Covid-19 e seus familiares respeitarem os 14 dias de isolamento, porque a equipe está indo no 14ª dia dar alta e eles já não estão mais em isolamento, e isso complica”, destacou Cristiano.
O problema é ressaltado por Iana e Ashley, que contam que sempre tem que reorientar o paciente da importância de cumprir o isolamento, porém as pessoas têm dificuldade de entender que quando tem um caso positivo na casa a família toda tem que ficar isolada.
“Vemos que as pessoas cobram fiscalização, mas eu acho que a conduta e a consciência de cada um são muito mais importantes do que qualquer fiscalização. Quando eu sei que tenho que cumprir, eu cumpro. É preciso entender que temos que ficar em casa não só pela própria família, mas pela família do outro. Não adianta achar culpados, temos que assumir a responsabilidade. Entendemos que as pessoas têm que trabalhar, sabemos que as pessoas precisam comer, mas os 14 dias passam rápido e temos que buscar maneiras de nos reorganizar. As pessoas acham que está tudo bem, e não está”, pontuou Iana.
Experiência na linha de frente
Vivendo uma rotina completamente diferente da que estavam acostumados antes da pandemia, os profissionais relatam que é uma experiência física e emocional muito grande. “É complicado, corrido e cansativo, a gente não sabe o que nos espera na rua”, afirmou Ashley.
Iana conta ainda que há uma preocupação sobre como será o retorno para casa e que nas últimas semanas a equipe não tem tido horário, trabalhando com uma rotina desgastante, que piora quando ao invés de reconhecimento, só recebem críticas. “Às vezes estamos no limite do físico e do emocional, porque é uma rotina cansativa, e as pessoas fazem comentários que entristecem a gente. Não que a gente espere por reconhecimento, porque fazemos por carinho, por amor, mas quando a crítica vem é destrutiva”, comentou a enfermeira.
A equipe diz entender que as pessoas estão cansadas e querem sair e retomar suas rotinas, assim como, pelo outro lado, eles gostariam de passar mais tempo em casa com suas famílias. “A população não estava preparada para viver todo esse tempo de pandemia, mas infelizmente é quando a cidade se torna um caos que as pessoas entendem que não acabou”, ponderou Cristiano.
É destacado ainda a importância de seguir os protocolos, e ter empatia, se conscientizar de que a rotina mudou e é necessário se adaptar, buscando sempre tirar algo de bom das experiências. “Com certeza vamos sair melhor disso tudo, vamos entender a importância da família, nos tornarmos seres humanos melhores, sermos mais empáticos, a pandemia vem ensinar muita coisa”, concluiu Iana.
FOTO: Ashley Suleiman, Iana Haas Garcia e Cristiano Maciel.
*Errata
Na matéria publicada no jornal Correio do Pampa do sábado, 05 de dezembro, a equipe é apontada como parte da Vigilância Sanitária, porém, os profissionais trabalham na Vigilância Epidemiológica.
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