Agosto Dourado destaca a importância da amamentação

Em Livramento, o grupo Unidas pela Amamentação fornece de forma virtual e com muita empatia, informação de qualidade às gestantes
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No mês do aleitamento materno, desenvolve-se a campanha Agosto Dourado, a qual reforça os benefícios da amamentação tanto para a mãe quanto para o bebê, destacando os reflexos positivos que se estendem até a vida adulta, reduzindo riscos de muitas doenças.

Para divulgar a importância da amamentação, a reportagem conversou com a consultora em amamentação Marilia Holtz, que desde 2017 atua no grupo Unidas pela Amamentação, prestando informações com base nos documentos de órgãos oficiais de saúde, como OMS, Ministério da Saúde, Unicef e Sociedade Brasileira de Pediatria.

Marilia conta que o grupo une gestantes, uma doula e uma consultora em amamentação com a proposta de incentivar a amamentação através da disponibilização de informações de qualidade e embasadas cientificamente sobre o assunto.

O grupo troca informações pelo WhatsApp e conta, atualmente, com 50 membros. O grupo Unidas pela Amamentação já organizou, em 2017, um “Mamaço Binacional” em comemoração ao agosto dourado e vários encontros para discutir temas relacionados à amamentação, gestação, parto e puerpério.

 

CPAMPA: Como surgiu a ideia de criar o grupo Unidas pela Amamentação?

Marilia: O grupo surgiu através de um encontro de gestantes promovido pela doula Gabrielle Araújo Cury comigo, para discutir temas referentes à amamentação. O clima do encontro foi tão bom, que resolvemos fazer um grupo no WhatsApp, para seguir conversando sobre esses temas. Futuramente foi criada a página e o grupo no Facebook, intitulado “Mamães Índias”.

 

CPAMPA: Tu percebes que a forma como o ato de amamentar é tratado mudou com o passar dos anos?

Marilia: Nos últimos anos, sim, em função da visibilidade das redes sociais e que os grupos virtuais de apoio acabaram tendo. O século XX foi o responsável por reduzir drasticamente os índices de amamentação pelo mundo, em virtude de diversos fatores ligados ao capitalismo. E junto com isso, as pessoas passaram a enxergar a amamentação como algo inferior, das classes mais pobres. Era isso o que fazia vender leite artificial: quem amamentava era quem não tinha dinheiro pra comprar o leite de lata. Porém, nos últimos anos, essa visão vem mudando, com a divulgação cada vez maior de informação de qualidade, embasada cientificamente, sobre a superioridade do leite materno, dos benefícios para o bebê, a mãe, a sociedade e o planeta – não à toa o tema da SMAM desse ano foi “Apoie o aleitamento materno por um planeta saudável”. Então, acredito que aos poucos, com muita luta, a visão das pessoas sobre o tema está mudando.

 

CPAMPA: Ainda existe preconceito com relação à amamentação em público ou a importância do ato em si?

Marilia: Sim! Muitas mulheres ainda são constrangidas ao amamentar em público, porque a sociedade sexualiza o corpo da mulher o tempo inteiro, os seios principalmente. Então, ver uma mulher amamentar em público, pra muitas pessoas, é um ato obsceno. Por isso a importância das campanhas de conscientização, para “normalizar” novamente um ato que é puramente normal e saudável.

 

CPAMPA: Até que idade a amamentação é indicada?

Marilia: Não há uma data limite para se interromper a amamentação. Os órgãos oficiais de saúde falam em tempo mínimo, que é de 2 anos. Mas não falam em tempo máximo, porque não há evidências que indiquem que chega um momento em que a criança não se beneficie mais do aleitamento materno. Mesmo após os dois anos, o leite materno continua fornecendo nutrição e imunidade à criança. E historicamente falando, pesquisadores apontam que os nossos ancestrais paravam de mamar por volta dos 6 ou 7 anos. Portanto, a mulher pode amamentar até quando quiser e o bebê aceitar.

 

CPAMPA: A amamentação deve ser complementada com outros alimentos ou líquidos?

Marilia: Depende da idade do bebê. Até os seis meses a recomendação da OMS é que a amamentação deve ser exclusiva, ou seja: sem água, chás ou nenhum outro alimento. Após os seis meses já pode ser iniciada a introdução alimentar do bebê, porém o leite materno continua sendo a principal fonte nutricional do bebê até 1 ano. Após um ano, o leite materno passa ser o complemento da alimentação.

 

CPAMPA: Quais as principais vantagens da amamentação? Existem desvantagens?

Marilia: Desvantagens não há. O bebê e a mulher sempre se beneficiam com a amamentação. E os benefícios são inúmeros, desde os psíquicos e emocionais, como estabelecimento de vínculo, apego seguro; para saúde, pois além do valor nutritivo para os bebês, o leite materno protege as crianças contra infecções, alergias, algumas doenças crônicas e cânceres infantis, e para a mãe, uma melhor recuperação pós-parto, etc.; até benefícios sociais e econômicos, como o custo zero, praticidade e etc.

 

CPAMPA: Quais são as maiores dificuldades encontradas pelas mães que começam a amamentar?

Marilia: O início da amamentação pra maioria das mulheres é difícil. Aspectos práticos, como pega correta, uso de bicos artificiais, falta de conhecimento sobre o que esperar do comportamento do bebê, o que é normal ou não, falta de apoio dos profissionais da saúde e por aí vai. Mas o principal é a falta de acesso a informações de qualidade, já durante a gestação. A mulher chega ao parto sem informações mínimas sobre esses aspectos que eu citei antes, e naquele furacão que é o pós-parto ela acaba sendo levada, aceitando pitacos de todos ao seu redor, ouve muitos mitos, crendices, que a levam a questionar sua capacidade de amamentar seu bebê, e algo que poderia ser facilmente resolvido, como uma pega errada, acaba sendo motivo para a introdução de leite artificial e mamadeira. E a partir daí vai por ladeira abaixo. Por isso a importância de se buscar informações já na gestação, estudar os aspectos de uma amamentação de sucesso, e procurar ajuda, nem que seja virtualmente, em grupos de apoio. Isso faz toda a diferença. Aqui na cidade tem o nosso grupo, mas eu cito também o Grupo Virtual de Amamentação, no Facebook, o maior grupo virtual de apoio à amamentação na América Latina.

 

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