História

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A LENDA DO MENINO SANTO

Cada região tem seus mitos ou lendas, onde os fatos históricos são deformados pela imaginação do povo. Certos acontecimentos transmitidos de geração em geração, ficam enraizados nas crenças populares. Há, um caso assim relatado: “João Paraguaio era soldado. Desertor do 1º Regimento de Artilharias com sede em São Gabriel. Assassino, fugira da companhia em busca de sangue. Entre suas idas e vindas, acabou ceifando a vida de um menino, um inocente que virou santo, na região no esplendor dos 12 anos de idade. Era uma ensolarada manhã de um dia qualquer de 1908. Pantaleão dos Santos, o negrinho Antão, montou a cavalo e partir pela estrada de chão batido da Sanga Funda. O destino do menino era a venda de Teodolino Paulo, a mando de seu pai de criação, João Ventura de Oliveira. Mas para chegar no bolicho que funcionava na casa de pedras e providenciar as compras pedidas, Antão deveria passar pelo córrego da Sanga Funda, lugar conhecido por ser um esconderijo de bandidos e malfeitores daquela época. Antão apertou o trote no lombo do cavalo e já estava vencendo a ladeira quando, de repente, um negrão assustador surgiu do nada. Do meio das macegas, João Paraguaio saltou sobre o menino e, sempre o ameaçando, arrancou a criança do lombo do cavalo. O frio assassino ria enquanto o menino chorava, pedindo que o poupasse da morte. O sanguinário bandido não titubeou: apunhalou Antão com varias facadas e, não satisfeito, ainda degolou a criança, jogando sua cabeça para longe do corpo. Depois disso, o desertor montou na égua roubada e fugiu em direção a São Sepé. Os passantes na estrada foram alertados pelos corvos que voejavam baixo e pelo cheiro da morte à beira das barrancas. Localizado o corpo do menino, a policia saiu à procura do assassino. A égua de Antão foi a prova da culpa de Paraguaio, que estava escondido no Cerro da Cadeia, além de Cambaí Grande. Sem querer render-se, o desertor se envolveu num tiroteio com a polícia. O assassino acabou morrendo. Em 1948, Vicente Teixeira, subprefeito de Cerro do Ouro, mandou construir uma capelinha campestre, em pagamento a uma graça alcançada. Ainda hoje, 1114 anos depois do assassinato,  gabrielenses e vizinhos da região, se dirigem à capelinha buscando um milagre daquele que chamam de negrinho do pastoreio gabrielense. (historiadora Lucia Porto) (Fontes: Figueiredo, Osório Santana. São Gabriel desde o principio. Palotti, 1980)

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