A SENTINELA DO PAMPA
Você já ouviu o grito de um Quero-Quero? Ela é uma ave que habita nos campos do Rio Grande do Sul. Vive aos casais e, às vezes, em bandos de algumas dezenas. O Quero-Quero mora em geral nas baixadas, nas costas de restingas, nas proximidades de banhados ou lagoas, e nunca pousa em árvores ou em moirões, mas somente no solo. Está sempre vigilante, dia e noite, e emite um grito estridente, repetida, à aproximação de qualquer criatura. Para despistar quem procura localizar seu ninho ou seus filhotes ele vai grita, simulando preocupação, longe do local em que os mesmos se encontram. Entretanto, quando necessário, ele os defende com coragem e bravura atacando o homem o animal que deles tente se aproximar. Possui o Quero-Quero ferrões aguçados, em forma de pequenas puas, nas asas, que exibe aos inimigos ao mesmo tempo que solta gritos ameaçadores, fazendo vôos rasantes sobre os mesmos. Existe a lenda de que o ferrão do Quero-Quero torna leve o sono da pessoa que o colocar sob o travesseiro. Tem essa ave ainda os nomes de Téu-téu, tetéu, terotero, teréu-teréu, e outros, que, porém, não são usados no Rio Grande do Sul. (Fonte: Zeno e Rui Cardoso Nunes). Escreveu Severino de Sá Brito, Trabalhos e Costumes dos Gaúchos:” A sua figurinha empertigada mereceu a honra de ser estampada nos selos do correio do Estado Oriental do Uruguai, talvez como justo emblema de esperteza e da vigilância”. Jainha Pereira Gomes, O Quero-Quero, in Seleta e Prosa e Verso, escreveu: “O Quero-Quero, no Rio Grande do Sul, é sua alma original. Não sei de criatura que tão bem represente a terra que nasceu.” Escreveu Sylvio da Cunha Echenique: “Fazer como Quero-Quero – Para despistar, o quero-quero afasta-se do ninho ou dos filhotes, nos momentos do perigo. Donde se coloca grita insistentemente iludindo a atenção do inimigo sobre ele. Quem disfarça ou ludibria faz como o quero-quero.” Clemenciano Barnasque, “ No Pago” escreveu: “Alerta, de alcatéia perene lá no pampa, o quero-quero é a eterna sentinela das coxilhas”. Finalizo o assunto com as palavras de Érico Veríssimo, do “O Tempo e o Vento”:” que escreveu: “Fui mui franco, porque não sou como quero-quero que canta pra um lado e tem ninho pra outro.”
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