Anne Augusta, Luíza Gomes, Maria Alice e Clarissa Simões Pires marcam presença no “Peitaço da Composição”

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No final do mês de julho, a cantora tradicionalista Shana Müller reuniu, em sua fazenda São Francisco do Pinhal, em Júlio de Castilhos, várias cantoras, instrumentistas, melodistas e declamadoras em mais uma edição do Peitaço da Composição, encontro que reúne somente mulheres, as quais passam os dias compondo e trocando experiências sobre música tradicionalista.

Neste ano, participaram do encontro a cantora e compositora Maria Alice, a instrumentista e cantora Luíza Gomes, a intérprete e instrumentista Anne Augusta e a compositora Clarissa Simões Pires que, durante quatro dias de acampamento, se reuniram às demais participantes para tomar chimarrão, prosear, cantar, tocar e, principalmente compor.

 

A opinião das participantes

Anne Augusta de Vasconcellos

“Sabe quando queres contar algo muito bom e parece que te faltam as palavras? É isso que acontece comigo quando me perguntam sobre o Peitaço. Ele é sobre sentir, sobre ser e viver no sentido da criação e construção do conhecimento. A troca de energias é imensa e lá se criam grandes laços de amizade. Esse ano foi minha segunda ida ao festival e cada vez que o convite chega sei que é o tempo de um novo ciclo de vida. Lá estamos unidas para cantar, compor e sermos nós mesmas sem julgamentos, uma baita oportunidade para soltar amarras, mesmo eu que nunca havia escrito, compus um poema no primeiro ano e uma música este ano, junto ao grupo de amigas do Peitaço. Sinto-me renovada e inspirada tanto para composições quanto para cantar, e ainda me sobra assunto para escrever sobre o tema. Enfim, dei um peitaço na vida!”.

 

Luiza Gomes Veloso

“Participar do Peitaço, desde a primeira edição, é uma alegria. Acredito que, além das composições, a grande experiência do evento está na convivência, nas trocas, no contato. É um momento em que estamos conectadas e totalmente presentes. As palestras e oficinas são sempre agregadoras em conhecimento e, junto com o convívio que acontece nesses quatro dias, fomentam diversos questionamentos sobre o papel da mulher na cultura gaúcha, representado nas músicas. Levamos essas reflexões pra vida pós-Peitaço e vemos os frutos que elas geram. No meu caso, esses questionamentos levaram a escolha do tema do meu TCC. Como instrumentista e intérprete, é um lugar pra sair da zona de conforto. Procuro observar e fazer parceria com pessoas de vivências diferentes das minhas, refletindo sobre todo o processo de criação e que influências as gurias trazem de suas vidas. Vejo o Peitaço como um lugar para repensarmos o papel da mulher na arte gaúcha, além de incentivar a criação musical entre as mulheres, trazendo a visão feminina na música. Reafirma nosso lugar de fala e crítica. A sensação de voltar do Peitaço é de renovação, levo alguns dias para conseguir retornar ao ritmo da rotina, e já fico na contagem regressiva para o ano que vem”.

 

Clarissa Simões Pires

“O convite para participar do Peitaço veio creio eu, em decorrência da 43ª Califórnia de Uruguaiana, que aconteceu o ano passado, com a minha classificação do “O Berço”, letra criada por mim e por Leonardo Borges, selecionada entre as 20 finalistas das mais de 853 obras inscritas. De verdade, me senti privilegiada pela oportunidade. Foi um fim de semana maravilhoso na fazenda da família da Shana Muller, de muitos aprendizados e trocas, naquele lugar mega especial, onde permaneci reunida com mulheres cantoras, compositoras, instrumentistas, profissionais incríveis, com oficina com uma antropóloga, oficina de criação e composição. Oficina com fonoaudióloga, onde tivemos a oportunidade de, em grupos ecléticos em nível e trajetórias diferentes, criarmos, compormos juntas e apresentarmos umas para as outras o resultado do trabalho coletivo de cada grupo. Foi maravilhoso. Penso que cumpre com a ideia das mentoras do Peitaço, que é a de estimular mulheres à uma maior participação neste universo e espaço da música e dos festivais onde predominam ainda, e muito, os homens”.

 

Maria Alice

“Como escolher as palavras para descrever esta vivência. Conexão, música, imersão, descobertas, desafios, amizades, arte, cultura, mulheres e presença!

Me permiti como cantora, violonista, poeta e compositora. Me permiti como nunca havia me permitido criar, expressar e aprender a admirar a minha criação, por mais sutil, singela e até mesmo ruim que fosse. Ver a força e a coragem de cada uma dessas mulheres ao colocar para fora a criatividade delas, é algo por demais inspirador. O Peitaço realmente nos incentiva a dar esse “peitaço”, de ter coragem e, de certa forma, se expor pro mundo. Por que compor é colocar seus sentimentos, vivências, ideias e opiniões em uma música, e ao entregar essa obra para o mundo, estamos expondo quem somos, como vivemos, nossa visão de mundo. E é preciso muita coragem pra dar esse peitaço! Por isso, esse festival foi de extrema importância para superar meus medos e inseguranças com relação as minhas composições e ao meu processo composicional. Cada oficina apresentada no Peitaço abria mais a minha mente para acabar com a exigência que tenho de mim mesma no que tange a música. Ver todas aquelas mulheres criando, cada uma com sua linguagem, seu estilo, sua personalidade, acendeu em mim a determinação que precisava para me permitir no mundo da composição. Estar ao lado de tantas renomadas mulheres da nossa cultura gaúcha foi uma honra sem tamanho. Conviver durante 4 dias com essas Leontinas foi uma das experiências mais lindas da minha vida, que encheram meus olhos de admiração! Estar com as minhas conterrâneas nesse evento foi algo mais mágico ainda, pois estar com elas é sentir-se em casa, é como carregar um pedacinho da fronteira comigo. E ver a Luiza, a Clarissa e a Anne por lá, com certeza me deu mais segurança e mais força para me imergir na baita experiência que foi o Peitaço”.

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