“Carnes clandestinas estão ligadas ao abigeato”

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Nesta semana a reportagem do Correio do Pampa conversou com o coordenador do Serviço de Inspeção Municipal Ariel Duarte Lima, que relatou como funciona o trabalho da Inspeção Municipal e como são realizadas as ações em conjunto com a Brigada Militar.

 

AÇÃO

Segundo Ariel, na última semana foi realizada a apreensão de 399 kilos de carne sem procedência, sendo uma ação realizada em conjunto com a vigilância sanitária e com a Brigada Militar.

“Os locais foram escolhidos a base de denúncias, a gente capta a denúncia mesmo que seja anônima e procura atuar nessas ações programadas para verificar se realmente houve esse desvio e com o consumidor nos alertando e ajudando a fazer o nosso trabalho, a gente vai diretamente atuar, onde está ocorrendo esses problemas”, citou.

Ele explicou que a atuação é feita dentro da agroindústria, em que já existem em torno de 69 registros de agroindústrias de Sant’Ana do Livramento ativos e dentro disto elas tem um controle que é realizado a cada  60 dias que se faz as análises dos produtos, analise físico química, uma vez a cada 6 meses para detectar uma questão de fraude.

“A gente faz as visitas de acordo com análise de risco, que é um processo que a gente analisa toda a pasta da empresa, pegamos a pasta e vemos as ocorrências que houveram durante um determinado período sendo  no mínimo de 6 meses, verificando se houve falha nas suas práticas, se houve denúncias desta empresa , se houve produtos fora do padrão, tanto microbiológico, quanto físico químico e se estabelece um risco para esta empresa. É realizado um cálculo matemático através desta pesquisa, que se faz na pasta da empresa e se estabelece um risco estimado para a empresa, tanto na questão do produto quanto na questão do volume que ela produz”, relatou.

Ariel falou que a empresa que tem o risco 1 se faz a inspeção a cada 60 dias, o risco 2 é a cada 30 dias, e o risco 3 e 4 é a cada 15 dias, porém muitas pessoas acabam reclamando que a fiscalização vai seguidamente no local , mas muitas vezes é porque a empresa apresenta um risco maior que a outra , então tudo isto é um trabalho feito na base da aplicação da legislação que  determina onde os fiscais devem ir e onde devem atuar.

 

LEI

Ele destacou que devem atuar por lei nos produtos clandestinos, porque o clandestino não se sabe de onde a matéria prima vem, por exemplo um charque ou um embutido, já que todos os produtos legais existem registro.

“Temos a rastreabilidade deste produto desde a matéria prima , até quando ele se transforma em industrializado , esta é a nossa função básica dentro do centro de inspeção controlar esses processos que as empresas se propõe a fazer e se o processo está dentro da legislação o empresário pode seguir trabalhando normalmente , mas se saiu alguma questão fora do permitido nós temos que fazer ações fiscais”, relatou.

 

Ele explicou que o produto clandestino remete a vários fatores principalmente ao código de defesa do consumidor, como questões de doenças transmitidas por alimentos, então a função primordial é a saúde pública e disso não se abre mão.

“Muitas vezes os produtos clandestinos estão ligados a questões de abigeato, já que a nossa região é muito visada nesta questão do abigeato e nos furtos desses produtos que vem do meio urbano para ser transformado em produto industrializado. Esse produto não tem um controle e não tem uma fiscalização, por isso existe sérios riscos de ser transformado em um problema de saúde pública, fora essas questões que são analisadas por nós aqui, em que temos que tomar ações fiscais”, falou.

 

DESTINO DAS CARNES

 

O coordenador contou que as carnes que são consideradas improprias para consumo humano, são sem procedência e são clandestina, por isso não é possível saber de qual local ela veio e por onde passou, já que não teve uma fiscalização e inspeção prévia de abate da matéria prima.

“No momento em que ele é improprio para consumo humano existem várias possibilidades, mas que não estão ao alcance do técnico , porque ele simplesmente comprova que esta improprio para consumo humano, porém pode   ser destinado a fabricação de ração animal , mas isto tem que ser destinado a uma empresa que consiga fazer a esterilização pelo calor ou seja tem uma graxearia montada que tem estabelecimento montado e registrado junto ao Ministério da Agricultura, se não houver isto não temos a atribuição de liberar qualquer produto. Muitas pessoas até falam para fazer exames, mas o custo do exame para se ter uma certeza se este produto não vai te provocar uma doença ou um problema de saúde humana talvez seja maior que o custo da carne , então não é uma questão rotineira que possamos tomar”, explanou.

Segundo ele não é possível liberar nenhum empreendimento sem ter a liberação ambiental, por isso sempre cuidam para que esses produtos não causem nada na saúde humana e possuem o cuidado com a matéria prima que é proveniente de animais sadio.

“Tu não pode ir em um frigorifico que não tenha um mínimo cuidado ambiental, que tu vai ter problemas, ou até mesmo com dejetos ao céu aberto , essas coisas não podem ocorrer, porque pode haver a proliferação de um vírus ou uma bactéria que atinja a saúde humana”, citou.

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