Mais de 400 pessoas morrem diariamente no país pela dependência ao cigarro
O Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado em 29 de agosto, é um momento de alerta para as pessoas que ainda fazem uso do tabaco. Pesquisa da OMS (Organização Mundial da Saúde) aponta que a substância lidera as causas de mortes evitáveis em todo o planeta, respondendo por mais de 60% dos óbitos relacionados às doenças crônicas não transmissíveis (DCNT).
No Brasil, são cerca de 420 mortes todos os dias por causa da dependência. Em todo o ano, são mais de e 156.216 mortes que poderiam ter sido evitadas. Segundo dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer), o maior peso é atribuído ao câncer, doença cardíaca e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Das mortes anuais causadas pelo uso do tabaco: 34.999 mortes correspondem a doenças cardíacas; 31.120 mortes por DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica); 26.651 por outros cânceres; 23.762 por câncer de pulmão; 17.972 mortes por tabagismo passivo; 10.900 por pneumonia; 10.812 por AVC (acidente vascular cerebral).
Confira entrevista realizada com o pneumologista Tiago Lopes sobre o tema:
CPAMPA: Mesmo sabendo dos malefícios do cigarro, por que as pessoas fumam e depois torna-se tão difícil deixar o vício?
Tiago: A nicotina, que é encontrada em todos os derivados do tabaco (cigarro, charuto, cachimbo, cigarro de palha, narguilé, entre outros) é a droga que causa dependência. Essa substância é psicoativa, isto é, produz a sensação de prazer, o que pode induzir ao abuso e à dependência. A dependência à nicotina é incluída na Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde – (CID). Ao ser inalada, produz alterações no Sistema Nervoso Central, modificando assim o estado emocional e comportamental dos indivíduos, da mesma forma como ocorre com a cocaína, heroína e álcool. Depois que a nicotina atinge o cérebro, libera várias substâncias (neurotransmissores) que são responsáveis por estimular a sensação de prazer explicando-se assim as boas sensações que o fumante tem ao fumar. Com a inalação contínua da nicotina, o cérebro se adapta e passa a precisar de doses cada vez maiores para manter o mesmo nível de satisfação que tinha no início. Esse efeito é chamado de tolerância à droga. Com o passar do tempo, o fumante passa a ter necessidade de consumir cada vez mais cigarros. Por isso as pessoas têm tanta dificuldade em parar de fumar.
CPAMPA: Quais as principais doenças relacionadas ao uso do cigarro?
Tiago: Doenças pulmonares, como o enfisema e a bronquite crônica, englobados pela sigla DPOC – Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica; doenças cardíacas como o infarto, angina; doenças circulatórias periféricas (muitas vezes levando até a amputação de membros); vários tipos de cânceres, como de pulmão, bexiga, faringe, laringe, esôfago, mama.
CPAMPA: Quais ações/tratamentos são mais efetivos para quem deseja parar de fumar?
Tiago: Para o fumante viciado em nicotina conseguir parar de fumar, a estratégia mais efetiva é de caráter multidisciplinar, envolvendo apoio medicamentoso, apoio psicológico, programa de atividades físicas e de aconselhamento nutricional, além de um apoio muito grande da família e amigos. É importante salientar que muitas vezes a pessoa para de fumar a curto prazo, mas depois recai, o que gera grande frustração no paciente e seus familiares. Então é fundamental estabelecer uma estratégia comportamental de longo prazo, sabendo evitar gatilhos e situações de estresse que podem levar à recaída.
CPAMPA: Os riscos para os chamados “fumantes passivos” são iguais aos das pessoas que fumam?
Tiago: O chamado fumante passivo pode ter várias consequências em sua saúde provocadas pela inalação da fumaça de cigarro de terceiros. Esse entendimento levou a toda a legislação que proibiu o cigarro em voos, restaurantes e espaços coletivos. É importante salientar a questão do tabagismo passivo dentro de casa, principalmente no caso de pais fumantes e filhos com doenças respiratórias. Está provado que essas crianças apresentam agravamento em sua condição de saúde, mesmo que os pais aleguem que saem fora de casa pra fumar. Estudos comprovaram que as crianças acabam inalando fumaça mesmo assim.
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