Surto de Doença Diarreica Aguda coloca autoridades sanitárias em alerta
Recentemente um surto da Doença Diarreica Aguda colocou as autoridades sanitárias e comunidade em alerta, isto porque, até o momento, já foram identificados em torno de 59 casos da doença na cidade.
Diante do ocorrido, como medida preventiva, o DAE aumentou a dosagem de cloro na água, e enviou análises para os laboratórios referências a fim da comprovação ou não de contágio através da água. Equipes do Vigiágua também vem realizando trabalho de coleta de amostras de água em vários pontos da cidade, a fim de identificar a origem do contágio.
De acordo com o engenheiro sanitarista e ambiental, Diretor de Planejamento e Estatística do DAE, Carlos Henrique Saldanha Ferrari, a autarquia foi comunicada não oficialmente no dia 21 de setembro, e no dia seguinte reuniram-se com a Vigilância Sanitária, Vigilância em Saúde e CIEVS/RS- Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde, para tratar sobre o aumento da dosagem de cloro, tornando pública a informação logo a seguir.
“A primeira medida adotada, a título de prevenção, foi o aumento da dosagem de cloro, seguido da publicação do comunicado e contato com laboratórios que realizam determinação viral em água. O DAE realizará coleta nos reservatórios de distribuição para verificar a qualidade da água em relação ao vírus Adenovírus, para decidir qual a medida mais adequada a ser tomada para garantir a segurança da água, que dependerão dos novos resultados”, frisou.
Carlos Henrique Saldanha explica que, de qualquer forma, não há confirmação de contaminação pela água. “Não existem hoje indícios suficientes a partir dos resultados de amostra de que é a água quem está causando o surto diarreico. Por esta razão, as ações que estamos tomando são precaucionais”, pontuou.
Segundo o diretor de planejamento do DAE, se confirmada a contaminação pela água, a autarquia, em conjunto com as autoridades sanitárias, determinará quais medidas eficazes e quais ações serão tomadas nos sistemas de abastecimento de água (SAAs).
Tratamento da Água
Carlos Henrique Saldanha explicou à reportagem do Correio do Pampa, que o tratamento da água é a desinfecção por agente oxidante como o hipoclorito de sódio e gás de cloro.
“Diariamente, realizamos coleta e análises de controle e, semestralmente, encaminhamos amostras para análise em laboratório certificado, conforme Portaria GM/MS n° 888/2021. A aplicação de cloro na água é uma obrigação legal, sendo amplamente considerado como agente desinfetante eficaz. As dosagens também estão dentro dos padrões permitidos pela Portaria de potabilidade de 0,2 a 2,00 ppm (partes por milhão), ou miligramas por litro”, discorreu.
Segundo Carlos, como o cloro possui rápida decomposição, o aumento da dosagem é para garantir a presença de residual de cloro desde o tratamento até o fim da rede de distribuição, de modo que permaneça por mais tempo em contato com a água. “Indicamos ainda que o aumento dos níveis de dosagem de cloro não é uma ação regular, pois trata-se justamente de uma ação de controle e prevenção”, finalizou.
Livramento já registrou 59 casos da Doença Diarreica Aguda
Conforme a responsável pelo Vigiágua, Elisângela Furtado, a equipe teve conhecimento da situação no dia 24 de agosto, iniciando o trabalho de coleta de água no dia 01 de setembro e monitoramento de possíveis contaminados, sendo identificados até o momento, 59 casos.
Segundo explicou Elisângela, a coleta está sendo realizada em vários pontos da cidade, já sendo enviadas amostras para os laboratórios Lacen, Fiocruz e Feevale.
“A Fiocruz ainda não mandou resultado, estamos coletando para verificar o cloro, e ainda esta semana enviaremos amostras para a Fiocruz, que é a referência para as análises. À medida que os resultados forem sendo liberados vamos tomar as medidas de controle”, explicou.
A Feevale e o Lacen enviaram os resultados, onde foram identificados alguns vírus na água, porém estes não foram encontrados nas fezes das crianças, não podendo dessa forma, fazer relação da água com o surto.
Como medidas preventivas, ainda sem os resultados comprobatórios, o DAE aumentou o nível de cloro da água e foram enviados circulares para as escolas e para a Secretaria de Educação, a fim de que as mesmas aumentem as medidas de segurança sanitárias em relação às crianças, evitando uma contaminação maior.
O que é o Vigiágua- Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano
É um programa nacional que controla a qualidade da água do sistema, no caso de Livramento, o DAE, e controla a água das soluções alternativas individuais, que são os poços rurais, e das soluções alternativas coletivas, no caso de alguns assentamentos que possuem poços coletivos para abastecimento ou cidades que possuem empresas que contém poços para abastecimento do local.
Comissão de Saúde da Câmara encaminha pedido de informação à Vigilância em Saúde
A Comissão de Saúde do Legislativo, presidida pelo vereador Dagberto Reis, assim como a população santanense, vem se mostrando preocupada com o aumento de casos da doença diarreica aguda no Município e a possível incidência da água neste processo.
Diante disso, essa semana, junto aos colegas vereadores Lídio Mendes e Rafael Castro, foi realizada uma reunião com a coordenadora Raquel Levy e a responsável pelo Vigiágua, Elisangela Furtado, durante visita à Vigilância em Saúde.
Segundo o Vigiágua, o acréscimo de cloro na água sugerido ao DAE, é uma precaução, já que não se tem ainda a certeza de que a água seja responsável por este surto de diarreia.
A Comissão de Saúde enviou pedido de informação à Vigilância em Saúde, o qual foi respondido na manhã desta sexta-feira, sob o Ofício nº25/21, informando que a investigação está ocorrendo com a coleta de amostras de água na cidade para verificação da qualidade desta.
Ainda, segundo o documento, as amostras foram enviadas para os seguintes laboratórios:
– Lacen/Alegrete- (dias 01/09 e 14/09) para análises microbiológicas, fisio químicas e organolépticas as quais não foram verificados indícios para o problema enfrentado na DDA;
– Fiocruz- (dias 08 e 30/09) ainda não enviou os resultados;
– FEEVALE- (dia 01/09) as amostras apresentaram Adenovírus 41 e Adenovírus 5.
O documento também informa que nas amostras de fezes, coletadas de pessoas do Doença Diarréica Aguda não apareceu Adenovírus, apenas Norovírus, sendo encaminhadas 20 amostras, com resultado de 14 até o momento.
Documento da Defesa Civil aponta contaminação da água como dano ambiental causado pelo último temporal
Na sexta-feira (01/10), a reportagem do Correio do Pampa teve acesso ao documento enviado pela Defesa Civil de Livramento à Câmara de Vereadores, em resposta ao Pedido de Informação nº517/21 do presidente Enrique Civeira, apresentando os danos causados pelo último temporal de granizo que atingiu a cidade.
O documento, assinado pelo coordenador Ademir Pacheco, apresenta, entre os prejuízos, danos ambientais com poluição ou contaminação da água, com 5% a 10% da população afetada, explicando que tal poluição pode ocorrer devido o lençol freático do Aquífero Guarani ficar exposto ao solo e à águas pluviais bem como, algumas ligações clandestinas de fossas.
Como causa e efeito do desastre o laudo diz que, durante as fortes chuvas ocorridas entre as datas de 23 e 25 de agosto, houve o rompimento dos bueiros e bocas de lobo em algumas localidades.
De acordo com o presidente do Legislativo, vereador Enrique Civeira, foi uma grande surpresa os resultados dos danos ambientais, haja vista que o pedido de informação foi encaminhado visando levantamento dos danos causados às residências, aos bueiros e calçadas.
“Nunca achávamos que existiria essa questão do dano ambiental que é a poluição da água e do solo, nos índices de 5% a 10% da população. Ficamos até sem saber se o comunicado do DAE em aumentar a quantidade de cloro da água em virtude de várias pessoas terem sido diagnosticadas com diarreia e outras patologias, seria com base nesse laudo da Defesa Civil, a qual deve ter apontado esses dados com alguma base”, explicou.
Civeira destacou que os vereadores da Comissão de Saúde foram até a Vigilância Sanitária, a qual informou ainda não existir laudo sobre problemas na água.
“Não sabemos de onde a Defesa Civil tirou estes dados, mas isso nos deixou bem preocupados, e está sendo motivo de uma convocação da direção do DAE, Defesa Civil e da Vigilância para prestar esclarecimentos e levar as informações corretas à comunidade. Estamos trabalhando até o momento, em cima de informações passadas pelo Executivo”, finalizou.
Contraponto
Procurado pela reportagem do Correio do Pampa, o coordenador da Defesa Civil não retornou o contato.
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