Santa Casa já contou com pacientes Covid esperando leitos de UTI

Diretora do hospital, Leda Marisa, contou que em um dia foram atendidas quase 100 pessoas por Covid-19
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Em meio à bandeira preta, a situação do município de Sant’Ana do Livramento com relação à pandemia do novo coronavírus continua chamando a atenção, principalmente pelo índice de ocupação dos leitos. A Santa Casa de Misericórdia, até sexta-feira, contava com 20 dos 24 leitos de enfermaria Covid ocupados e a UTI Covid com 100% da ocupação (dois leitos).

O hospital conta com atendimento porta de entrada Covid 24h, e, de acordo com a diretora-geral da Santa Casa, Leda Marisa, os números de atendimentos são significativos, sendo que em um dia já foram atendidas quase 100 pessoas.

Leda afirmou que a situação preocupa, levando em conta que o quadro dos pacientes tende a agravar e necessitar internação, assim chegando ao limite de internações do hospital. “Mas, felizmente, hoje temos capacidade de internar algumas pessoas ainda. Tem dias que chegamos no teto, em outros temos alguns leitos, mas o alto índice de contaminação pressiona a estrutura hospitalar”, contou.

Ela ainda revelou que, com os leitos de UTI constantemente ocupados, pois a longa permanência é uma característica de pacientes Covid, a Santa Casa já contou com pacientes entubados no Pronto Atendimento. “O que acaba sendo uma UTI intermediária, porque tem médicos 24h e tem estrutura de suporte”, explicou.

Sobre os atendimentos, a diretora da instituição comentou que as pessoas vão até o local em diversas situações, seja para obter orientações, atendimento por estarem com sintomas ou buscando realizar testes. E que, de fato, o hospital conta com um alto nível de demanda.

Está sendo realizado um esforço comunitário junto a empresários, que estão acolhendo os pedidos da Santa Casa, para comprar equipamentos e montar leitos de UTI. “Só que esses equipamentos, muitos com preços em dólar, nos últimos dias tiveram um aumento considerável e a demanda sobre esses equipamentos é bem importante, então não estamos conseguindo, mesmo com ONGs e empresários que estão assumindo comprar para a Santa Casa esses equipamentos”, disse Leda.

Além dos preços que variam, ainda há dificuldade de encontrar medicamentos à pronta entrega ou com entrega em menos de 20 dias. “Alguns equipamentos só serão entregues daqui a 60 dias. Mas continuamos, já iniciamos uma obra física para adequar uma área para acolher leitos UTI Covid. Nós dependemos de conseguir obter esses equipamentos. Temos tido felizmente, e a nossa enorme gratidão, aos empresários que estão se dispondo a doar equipamentos caros e estão disputando no mercado a compra desses equipamentos”, declarou.

Assim, mesmo com uma movimentação para disponibilizar um melhor atendimento à comunidade, contando com mais leitos, a Santa Casa ainda não conseguiu os equipamentos e medicamentos necessários para realizar as melhorias. “Estamos nos deparando com a oscilação considerável dos preços. Do mesmo modo que medicamentos específicos que se usam em pacientes entubados Covid estão muito caros e muitos sumiram do mercado, e isso é desesperador. Já faltaram vários e estamos na quinta alternativa e a indústria não consegue abastecer o mercado”, comentou Leda Marisa.

Para a diretora, a situação atual, com grande ocupação dos leitos revela que estão operando no limite da capacidade, principalmente se as estatísticas de agravamento dos quadros de pacientes Covid forem levadas em conta. “Ficamos muitíssimo apreensivos o tempo todo. Estamos observando essa dinâmica, o fluxo, para adequar o hospital”, relatou.

Considerando a possibilidade de o hospital atingir a capacidade máxima de ocupação das áreas disponíveis para Covid, a diretora da Santa Casa contou que não há como remover pacientes e levar para outros hospitais, pois todos os hospitais gaúchos estão operando no limite.

“Se chegarmos a esse limite, temos como plano B disponibilizar outras áreas para o atendimento Covid, adequando outros setores. Tanto pelo público que vai pressionar o hospital para isso, como também pela requisição que o hospital recebeu da Secretaria Estadual da Saúde, de priorizar atendimento Covid”, disse.

A Santa Casa foi então orientada a priorizar Covid e manter urgência e emergência, não realizando assim as cirurgias eletivas.

Assim, caso aumente a necessidade de leitos, áreas serão adequadas emergencialmente. Com relação às equipes, a Santa Casa não está contratando pessoal e sim realocando-os. “Como não estamos fazendo nada eletivo, estamos fazendo um remanejo de pessoal. Não estamos contratando ninguém em área nenhuma, podemos vir a precisar, mas ainda não o fizemos até porque viemos de um recente desligamento importante de trabalhadores e temos, por enquanto, a condição de fazer esse atendimento, até porque o número de pacientes internados é praticamente o mesmo, mudou apenas o foco”, explicou.

A diretora do hospital concluiu a entrevista solicitando à comunidade que mantenha os cuidados de prevenção à covid-19.

 

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