Buscando entender os efeitos da pandemia do novo coronavírus no setor de reciclagem, a reportagem do jornal Correio do Pampa conversou com o casal Anderson e Márcia Vargas, fundadores do Recícler Armour, uma equipe de coleta seletiva. Confira a entrevista:
CPampa: Como tem sido desenvolver o trabalho de reciclagem ao longo deste ano de pandemia?
Recícler: No princípio foi temeroso, pois estávamos enfrentando algo que não conhecíamos. E o temor não era só nosso, mas também dos nossos colaboradores. Muitos tinham medo de se aproximar e medo de que pudéssemos transmitir o vírus para eles. Devido ao desemprego, gerado por conta da pandemia, muitas pessoas passaram a fazer coleta e abrir galpão comprando material, isso é um fato em Sant’Ana do Livramento, se encontra um grande número de pessoas hoje sobrevivendo disso. Durante esse tempo, buscamos alguns patrocínios para que pudéssemos seguir com nosso trabalho.
CPampa: Quais os cuidados extras que estão sendo tomados? Qual a principal diferença na coleta hoje?
Recícler: Desde o início da pandemia estamos sofrendo muito com os cuidados extras, pois estamos mantendo o distanciamento e com isso acabaram os apertos de mãos e abraços, estamos usando máscara e com isso não podemos mais ver o sorriso das pessoas e nem mesmo ofertar o nosso. As luvas e o álcool em gel têm sido os nossos companheiros constantes. O material, que muitas vezes era entregue em nossas mãos, hoje é deixado na frente das residências, para que possamos pegar evitando, assim, o contato e proximidade. A única diferença é no psicológico das pessoas.
CPampa: As pessoas continuaram a separar os materiais recicláveis para entregar?
Recícler: Sim, elas continuam separando, mas devido às restrições impostas e também pelo fato de termos que nos limitar aos alimentos e produtos mais necessários, diminuiu bastante a quantidade coletada.
CPampa: Como está sendo feita a coleta?
Recícler: As nossas coletas continuam nos seus respectivos dias e horários, porém com todos os cuidados. Estão realizando as coletas o seu Santo, que é membro do Recícler Armour, a sua esposa, dona Zica e o motorista que conduz a Kombi (atualmente é o Arthur).
CPampa: Vocês costumavam desenvolver outras atividades relacionadas à reciclagem. Como tem sido este ano?
Recícler: No ano de 2020, nós ministramos algumas palestras online. Foram feitas salas de bate-papo com professores, alunos e pais também. Cada um na sua casa fazendo a sua pergunta e esclarecendo dúvidas. Sentimos muita falta de estar nas salas de aula com os alunos porque, sempre no término das palestras, eles nos abraçavam e faziam selfies conosco.
CPampa: Quais itens são recolhidos hoje? Como as pessoas podem separar o material de forma mais segura em tempos de pandemia?
Recícler: Plásticos, nylon, alumínio, cartão, tetrapak e itens diversos como bateria de automóveis e geladeiras. Hoje recolhemos esses materiais, porém em menor quantidade e ainda foram agregados os livros, revistas, catálogos, folha A4, cobre e bronze.
Hoje, além de administrar o Recícler Armour, o casal gerencia também uma empresa de reciclagem no centro de Sant’Ana do Livramento. “Nos afastamos da coleta seletiva no Armour, mas não do trabalho de reciclagem. Hoje o Recícler Armour faz 3 toneladas e a empresa que administramos, faz 22 toneladas de materiais recicláveis por semana”, contaram.
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