A Polícia Federal deflagra, na manhã desta terça-feira (1º/12), a Operação Paciente Zero, que investiga fraude à licitação, desvio de recursos públicos e corrupção a partir da terceirização da saúde nos municípios de São José do Herval, Trindade do Sul, Saldanha Marinho e Jaguari.
Para a deflagração da operação, foram mobilizados 75 policiais federais que executam 19 mandados de busca e apreensão nos municípios de Ijuí, Saldanha Marinho, Trindade do Sul, Jaguari e São José do Herval.
A investigação teve início a partir de informações recebidas de Hospital Filantrópico de São José do Herval, relatando que a gestão anterior havia contratado, em 2014, empresa de consultoria que seria destinatária de 35% de todas as verbas do SUS repassadas ao hospital. Posteriormente, o grupo proprietário da empresa de consultoria criou uma Organização Social, que também foi contratada pelo mesmo hospital filantrópico para gerir o estabelecimento, mantendo ambos os contratos e causando sérios prejuízos financeiros à entidade.
No decorrer da apuração, a Polícia Federal identificou que o município de Trindade do Sul contratou sem licitação o Hospital Filantrópico de São José do Herval – que era administrado pelo grupo investigado – para gerir o serviço de SAMU. Os valores do contrato, porém, eram repassados em sua grande parte (70%) à Organização Social criada pelo grupo, que não era parte da relação contratual. Pelo apurado na investigação, o Hospital Filantrópico de São José do Herval foi utilizado como entidade “laranja” para contratação indireta do grupo investigado com dispensa de licitação.
A mesma sistemática criminosa foi utilizada no município de Saldanha Marinho, que também contratou o hospital de São José do Herval para administrar o hospital da cidade. Também nesse contrato, 70% do valor era repassado à Organização Social, que não era parte da relação contratual.
O município de Jaguari também dispensou licitação para contratação direta da Organização Social administrada pelo grupo investigado, com sede em Saldanha Marinho, para administrar seu Hospital de Caridade, permitindo que o grupo expandisse sua atuação para outras regiões do Estado.
Nos últimos quatro anos e através de contas de suas organizações sociais, o grupo investigado recebeu mais de R$ 6,7 milhões em razão dos contratos suspeitos. Parte desses valores eram direcionados para empresa de consultoria de propriedade do principal investigado.
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