Uma pesquisa inédita vem sendo desenvolvida por especialistas brasileiros e uruguaios: o rastreamento de genoma dos casos de coronavírus da fronteira entre o Brasil e o Uruguai. Objetivo é compreender como o Sars-CoV-2 vem se comportando especialmente na região de fronteira seca, onde há dificuldades para estabelecer regras mais duras de combate ao vírus.
O trabalho não é recente. Desde junho de 2020, esse trabalho começou a ser feito por biólogos, virologistas, bioinformatas, bioquímicos e imunologistas. Eles analisam as amostras de registros positivos de Covid-19 em Rivera e em Sant’Ana do Livramento, além dos casos do Chuí, no Brasil, e do Chuy, no Uruguai. A hipótese é que a integração entre as cidades complique a situação sanitária.
Esses especialistas que estão no grupo de trabalho multidisciplinar fazem parte da Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz, com sede no Rio de Janeiro; do Instituto Pasteur, da Universidade da República, o Instituto de Pesquisas Biológicas Clemente Estable e o Sanatório Americano, todos com sede no Montevidéu. O grupo já analisou mais de 100 casos de coronavírus.
Variante encontrada
Ainda em fevereiro, o grupo informou que foi encontrada uma variante do coronavírus Sars-CoV-2, a partir das análises realizadas em janeiro. Trata-se de uma variante que predomina no Rio Grande do Sul, mas que não gera infecções graves, como a variante de Manaus, segundo informou a Universidade da República.
Rastreamento ampliado
As cientistas uruguaias Natalia Rego e Tamara Fernández, do Instituto Pasteur de Montevidéu, em entrevista à BBC News Brasil, disseram que os trabalhos surgiram quando ocorriam apenas focos de coronavírus no território uruguaio. Porém, em janeiro de 2021, o rastreamento foi ampliado e foram detectados casos relacionados aos que circulam no sul brasileiro.
“Das 11 amostras que conseguimos fazer o seguimento do genoma, de um total aproximado de 30 amostras, 5 foram P.2. Foram um caso em Rivera e quatro em Rocha. As outras amostras não tinham, por exemplo, vírus suficiente que nos permitisse fazer o genoma”, disse Fernández.
Os casos, diz ela, eram de uruguaios, praticamente sem sintomas, que tiveram contato com pessoas que já tinham recebido resultado positivo para o coronavírus. Com informações sobre a mutação do vírus, é possível avaliar se as medidas preventivas, por exemplo, são adequadas para a etapa da pandemia e diante do potencial de transmissão das cepas encontradas.
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