OBITUÁRIO Jesus Aseff, um cidadão santanense

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A morte do empresário Jesus Aseff, ocorrida no último dia do mês de maio, encerrou uma trajetória exitosa, de um legítimo comerciante santanense e fronteiriço. Para além de sua reconhecida marca pessoal frente ao negócio de materiais de construção, onde atuou intensamente durante uma vida de 80 anos, Jesus tocou fundo também no imaginário de sua aldeia, graças a um carisma natural que sempre despertou a admiração não só dos amigos, mas de todos que dele se aproximavam. Filho do libanês Julião Aseff e da santanense Maria Echeveste, Jesus foi o terceiro filho de uma família de seis irmãos, nascido no bairro da Carolina, origem que sempre ostentou com orgulho. Como legítimo descendente de árabes, surgiu para a vida fronteiriça em uma família de pequenos comerciantes, que mantinham no bairro daquela velha Santana um entreposto de mercadorias destinada a abastecer tropeiros, operários das charquedas e do frigorífico, além de toda a emergente população local. No comércio de Julião e Maria, o trabalho e a genuína alegria árabe davam o tom.

Ainda na infância, passou a viver com a família de seu padrinho, o contador e político santanense Sérgio Fuentes, que viria a ser eleito prefeito municipal em 1964 e logo cassado pelo golpe civil-militar. Naqueles anos estudou matemática com o historiador Ivo Caggiani, e um talento natural para os números, somado a uma índole agregadora, o levou a trabalhar na emergente Cisic – Construtora Imobiliária Santanense, uma firma que se notabilizou na fronteira. Sob o comando criativo do casal Paulo Fossati Dabreu e Wilma Severo, a Cisic reuniria alguns dos mais talentosos administradores e profissionais da construção civil que a fronteira viria a conhecer. E lá estava Jesus Aseff, crescendo e aprendendo com os melhores talentos.

Após o período frutífero da Cisic, onde atuou em grandes obras e na modernização de uma nova Santana, juntou forças e criou sua própria empresa, a Maseff – Materiais de Construção, que comercializava tubos, tintas e tudo o mais que uma boa ferragem exigia. Em pouco tempo a Maseff experimentou o crescimento, abrindo filiais na cidade e em Dom Pedrito, mas as crises profundas dos anos 1980 afetariam também a empresa, que encerraria seu ciclo. Seria a hora do empreendedor se reinventar mais uma vez, através da criação da Barraca Sobradinho, uma fábrica de artefatos de cimento que cativou os consumidores fronteiriços, graças ao carisma natural do proprietário, o conhecido “Seu Jesus”.

Maçom atuante, o empresário dividia seu tempo entre as atividades comerciais, viagens com a família e amigos – sempre ladeado pela esposa, Maria Helena – e os momentos compartilhados com os irmãos da Loja Caridade Santanense nº2, com os quais viveu grandes alegrias e momentos de extrema fraternidade. Mais do que uma trajetória intensa na vida comercial da fronteira, a vida de Jesus Aseff deixa como marca uma caminhada baseada na ética acima de tudo, que não distinguia classes sociais, e talvez essa seja a razão de tamanho impacto que sua passagem deixou na comunidade santanense.

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