Com a atual situação da Santa Casa, surgiu um questionamento quanto à intervenção do Governo Municipal na instituição. A reportagem do jornal Correio do Pampa entrou em contato com diversas personalidades para saber, na opinião de cada um, o que aconteceria com o hospital caso fosse retirada a intervenção. Confira:
Poder Executivo
É importante deixar claro que o vice-prefeito afirmou que não é analisada a possibilidade de retirar a intervenção, sendo que este destacou ainda que na sua opinião, caso fosse retirada, a Santa Casa fecharia e por isso que neste momento, devem abraça-la. A secretária de Saúde, Caroline Alves Gomes, também ressaltou que neste momento não se pensa nisso.
Leda Marisa:
A diretora interina da Santa Casa de Misericórdia, Leda Marisa, entende que a intervenção é o que tem ajudado a manter o hospital, pois o poder executivo tem colocado recursos no hospital.
“Mas infelizmente o município até agora não conseguiu contribuir para que o hospital saia desta situação, então tem mantido o hospital mediante intervenção. Me parece que a intervenção ideal seria que o município ao longo destes seis anos tivesse constituído uma alternativa para que o hospital voltasse a ser autossustentável e autônomo. Até esse momento não se deu esse quadro, então ele continua dependente”, ponderou.
Para Leda, se a intervenção fosse levantada sem o trabalho de no mínimo um ano, todo o esforço teria sido inválido, pois até hoje a intervenção não constituiu uma concreta contribuição para o hospital além de mantê-lo aberto com o repasse de recursos.
Dr. Rubens Barros
Para o Dr. Rubens Barros, o período de intervenção já deveria ter acabado, mas para isso acontecer uma transição deve ser muito bem arquitetada e negociada, com o envolvimento de todos os poderes e das lideranças da comunidade, levando em conta que a Santa Casa é essencial para todos, tendo como exemplo o trabalho feito neste período de pandemia.
“A situação da Santa Casa é gravíssima e altamente complexa como de todas as outras. Em princípio, temos que nós, comunidade, resolver esta situação. Esta fantasia de milagres e milagreiros não vão resolver. Não vai cair do céu a solução”, disse.
Sergio Oliveira
O ex-diretor da Santa Casa, Sergio Oliveira, destacou que a instituição não tem condições de sobreviver por conta própria neste momento, mas que acredita que em um futuro a intervenção deve ser retirada. Porém, Sergio pontuou que para a retirada da intervenção é necessário que seja implementada uma infraestrutura para que o hospital melhore o fluxo financeiro.
As melhorias no fluxo financeiro do hospital, de acordo com o ex-diretor, devem ser feitas através de investimentos adequados, implantando novas referências, equipamentos que proporcionem a realização de exames, repactuar contratos, rever critérios na execução de serviços prestados, dinamizar o atendimento a todos os pacientes adotando sistema de prontuário com evolução médica através de um controle informatizado, evitando desperdícios na solicitação de exames e medicamentos, fazendo um hospital moderno com controles de entrada e saída de pessoas. Sergio Oliveira ainda exemplificou algumas adequações que poderiam melhorar o financeiro da Santa Casa, são elas:
– Repactuar o contrato da ala saúde mental, que poderá receber em torno de 115 mil reais mensalmente;
– Colocar em funcionamento o aparelho de endoscopia que está guardado no hospital desde 2014, sendo que atualmente na cidade há uma demanda reprimida de 700 exames;
– Construir um prédio de 4.000m2 no terreno frente à rodoviária, patrimônio que geraria aluguel mensal;
– Algumas reformas executadas no Pronto Socorro podem render em torno de 40 mil reais mensais após vistoria da Coordenadoria de Saúde;
– Implantação da ala de longa permanência, que irá gerar mais de cem mil reais por mês;
– Melhorias na infraestrutura de hotelaria hospitalar, buscando também atrair pacientes de convênios;
– Adquirir equipamentos, através de emendas parlamentares, para dar sustentação às necessidades diárias para um atendimento humanizado e de qualidade.
Dagberto Reis
O vereador Dagberto Reis, presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Sant’Ana do Livramento, disse que primeiro é preciso deixar claro que a retirada da intervenção não retira as responsabilidades do Poder Executivo para com a Santa Casa, pois a cidade tem saúde plena, um contrato entre o município e o Ministério da Saúde que estabelece que a saúde é plena/total no município. Sendo assim, o município é responsável pelas Unidades Básicas de Saúde, pela urgência e emergência (Pronto Socorro) e o hospital.
“Então mesmo que retire a intervenção, a prefeitura continuará sendo responsável pelo hospital. A prefeitura coloca recursos próprios, uma quantia de mais de R$340 mil, recebe um valor de quase R$800 mil reais do Governo Federal relativo à alta e média complexidade, e recebe também em torno de R$400 mil do Estado do Rio Grande do Sul de complementos de diversas especialidades”, contou.
Dagberto ressalta que o hospital é público e recebe 95% dos pacientes SUS. “O município é responsável retirando a intervenção ou não. Se retirar a intervenção, o município não terá alguém coordenando o hospital, o que muda é isso. Não tem porque retirar a intervenção”, reafirmou.
O vereador ainda explicou que o município só deixará de ser responsável se romper a contratualização da saúde plena e deixe de atender pelo SUS.
Silvio Madruga
O presidente do Sindisaúde, Silvio Madruga, destacou que se no atual momento a situação do hospital não é boa, com a retirada da intervenção a Santa Casa fecharia as suas portas.
“Nós estamos falando de um hospital que a receita, quase que a totalidade, é SUS. A intervenção tem que servir para passar o hospital a limpo, melhorar a receita, melhorar contratos e novos contratos de serviço. A Santa Casa precisaria durante a intervenção pessoas qualificadas para estar a frente do hospital e poder criar novos serviços”, pontuou.
Silvio analisou uma possível retirada da intervenção como “suicídio coletivo”, pois, será gasto mais para remover pacientes para fora da cidade e comprar leitos em outros hospitais. O presidente do Sindisaúde disse ainda que a intervenção tem que servir para que seja criada uma frente com os movimentos sociais e os três poderes para que discutam a situação do hospital e a Santa Casa tenha melhor receita para o seu funcionamento.
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