Essa semana 14 profissionais médicos da Santa Casa de Misericórdia entregaram pedido de demissão, manifestando interesse de encerramento dos contratos, devido ao atraso no pagamento dos vencimentos.
De acordo com a diretora geral da Santa Casa, Leda Marisa, desde o dia 20 de junho, diariamente a administração do hospital vem recebendo pedidos de renuncias de contratos, somando já 14 profissionais com interesse em se desligarem do hospital, incluindo anestesistas, cirurgiões, traumatologistas, pediatras e clínicos, comprometendo principalmente a realização de cirurgias eletivas que estavam agendadas.
Os pedidos justificam-se pela dificuldade da Santa Casa em remunerá-los pelo serviço prestado, uma vez que a instituição conseguiu pagar apenas 50% do salário referente ao mês de abril, permanecendo em atraso o restante de abril e o mês de maio integral, somando a quantia de R$1,5 milhão.
“Enquanto gestores, isso é muito constrangedor, porque apesar de todos os esforços, não conseguimos ter recursos para manter o hospital, e isso acontece porque estamos sendo subfinanciados a prestar o serviço que se deve, uma vez que o SUS remunera aquém da metade do custo o prestador”, discorreu.
Leda Marisa disse que os profissionais estão, no momento, cumprindo aviso prévio e continuam trabalhando no hospital, atuando principalmente nas urgências e emergências. Quanto a interrupção das cirurgias eletivas, a não realização destas irá impactar nos meses de julho e agosto, quando será apresentado o quadro de metas para repasses e estas não serão atingidas.
“Estamos trabalhando com uma defasagem de remuneração do SUS, que impacta diretamente nos serviços, como pagamento de fornecedores, aquisição de medicamentos, pagamento de funcionários, entre outros. Enquanto prestadores de serviços, estamos nos endividando para manter o serviço funcionando, somos contratados para prestar um serviço mas não somos remunerados para tal”, frisou.
Próximos passos
Na segunda-feira, dia 27 de junho, será realizada uma reunião com o Executivo Municipal para tratar sobre o assunto, após será apresentada aos médicos uma proposta para retomada dos trabalhos, principalmente das cirurgias eletivas, que é o serviço mais prejudicado.
“Estamos tendo um bom diálogo com os profissionais, entendemos o posicionamento deles, acreditamos no comprometimento de todos. Precisamos de fato ter recursos para sinalizar o aporte financeiro e conseguir negociar”, disse.
Simers emite nota
Após o indicativo de rescisão dos contratos com a Santa Casa de Misericórdia, o Simers- Sindicato Médico do Rio Grande do Sul emitiu nota sobre o caso, conforme segue, na íntegra.
“Valorize o médico de Santana do Livramento, Valorize a Vida.
Os médicos participam dos mais importantes momentos da vida dos seus pacientes e de tudo o que envolve a saúde. Por isso, o respeito e consideração a estes profissionais é responsabilidade de todos. O compromisso com as condições adequadas de trabalho e valorização aos médicos é dever do gestor.
Com o objetivo de alertar a sociedade sobre necessárias medidas em defesa dos médicos da Santa Casa de Misericórdia de Santana do Livramento, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) reforça a campanha “Valorize o Médico. Valorize a Vida” e destaca a necessidade de providências imediatas para eliminar os reincidentes atrasos e a lamentável falta de pagamento dos honorários aos médicos que atuam incansavelmente em defesa da saúde e da vida da população local.
A administração hospitalar ainda não quitou a integralidade do pagamento do mês de abril e maio. E em reunião com a entidade médica, os gestores da Santa Casa relatam que não tem previsão de pagamento integral do passivo acumulado dos anos de 2017, 2018, 2019 e 2020 aos profissionais que prestaram serviços à instituição, assim como os atrasos na remuneração citados recentemente. O Simers alerta sobre os problemas e destaca a importância da mobilização da população e autoridades pertinentes, para que ocorram as devidas providências em respeito e valorização para com a categoria que desempenha fundamental e dedicada função em prol da saúde da população”.
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