Hemodiálise: o que autoridades e comunidade pensam sobre o assunto

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Dando continuidade às reportagens sobre o serviço de hemodiálise em Livramento, a equipe do Correio do Pampa conversou com vereadores, presidente do Conselho Municipal de Saúde e comunidade em geral, a fim de conhecer a opinião dos mesmos sobre os fatos que vem ocorrendo.

 Delmar da Rosa

Presidente do Conselho Municipal de Saúde

Delmar explicou que o Conselho de Saúde foi procurado pelo Dr. Freitas para conversar sobre o impasse em vinha ocorrendo e sobre os entraves nas negociações, situação que foi exposta a todos os membros do Conselho de Saúde.

“Diante da falta de diálogo entre empresa e Governo, sentimos, após várias reuniões que o Executivo não tinha interesse em renovar o contrato com a empresa. Ficamos contrários a esta ideia, pois defendemos que os pacientes teriam que ser tratados em Livramento, e não sendo enviados para outro Município”, frisou.

Delmar da Rosa contou que, após várias reuniões e mediações do Conselho para que os envolvidos pudessem encontrar uma solução viável, ficou definido por determinação judicial que o serviço fosse prestado na cidade.

“Uma das propostas do Conselho de Saúde é realmente que a Santa Casa assumisse o serviço, sem prejudicar os pacientes atendidos. Pelo que estamos acompanhando, essa tratativa já está bem encaminhada”, finalizou.

Vereador Rafael de Castro

Vice-presidente da Comissão de Saúde da Câmara

Como não tinha uma atuação voltada para a área da saúde, o vereador destacou que o primeiro posicionamento foi observar atentamente, ouvir os demais colegas com participação mais ativa e tentar conhecer mais profundamente a questão da Cardio Nefroclínica.

“Estive visitando a empresa, conheci os serviços prestados e a estrutura, inclusive acompanhei alguns pacientes durante a sessão de tratamento, conversei sobre o problema com o vice-prefeito Evandro Gutebier e, por outro lado, caminhando pela cidade, me chamou atenção o clamor da comunidade e a preocupação com os familiares, pois o tratamento deixa o paciente um pouco debilitado e como os mesmos enfrentariam horas na estrada”, frisou.

Após ouvir todas as partes, o vereador Rafael de Castro entende que o problema inicial são os valores na tabela do SUS, sendo necessária a busca por um melhor tabelamento do Sistema Único de Saúde, o que já vem ocorrendo em alguns municípios.

“Esse serviço precisa ficar em Livramento, não podemos perdê-lo. Minha atenção é, se a empresa vai passar o serviço para a Santa Casa, vamos acompanhar para que de fato, que o atendimento seja de alta qualidade, que as pessoas não sofram com essa transição e que os familiares fiquem mais tranquilos. Minha defesa é pela permanência do serviço na cidade, que seja para a Santa Casa, mas com alta qualidade e respeito pelos trabalhadores que o executarão”, finalizou.

Vereador Romário Paz

Integrante da Comissão de Saúde da Câmara

“Sabemos a importância fundamental desse tratamento para os pacientes com insuficiência renal, e dessa forma é de suma importância que os pacientes façam este tratamento aqui no Município, tendo em vista a dificuldade de transporte, bem como algum efeito colateral que o processo de hemodiálise poderá causar”, destacou.

Romário Paz explicou que, como parte da Comissão de Saúde da Câmara, que é unânime sobre a permanência do serviço de hemodiálise na cidade, vem se buscando junto a gestão do hospital a melhor forma para resolver o problema.

“Não é somente o tempo de permanência junto à máquina de hemodiálise, os pacientes passam por uma bateria de exames antes e após o término das sessões. Por isso estamos trabalhando afinco para que este serviço permaneça em Livramento e os pacientes possam continuar contando com um serviço e qualidade”, finalizou.

HEMODIÁLISE

O Dr. João José A. de Freitas iniciou sua vida na nefrologia em Oxford, Inglaterra, no John Radcliff Hospital e iniciou seu trabalho na Santa Casa em 1977, graças à doação de um aparelho de hemodiálise pela família Severo. Em 1988 o hospital fechou o Serviço e os pacientes passaram a ser encaminhados para outras cidades com as peculiaridades e sofrimentos que isso acarreta.

A Cardio Nefroclínica se estruturou em prédio próprio rua Conde de Porto Alegre, onde hoje trabalha a Loja Maçônica Fronteira da Paz 247 e em 2005 passou a atender os pacientes agudos e crônicos dentro do Hospital.

Disse o Dr. Carlos de Moura Lliviria, em 1995 para o Jornal da Sociedade Santanense de medicina, que ¨tudo que se tem de moderno se deve à iniciativa particular¨, com os médicos usando seus instrumentos de trabalho para poderem desempenhar seu trabalho devido às sucessivas crises enfrentadas pelos hospitais.

Em quase 80 anos de vida e mais de 50 de profissão tenho testemunhado esses fatos. Quando fui provedor do Hospital em 2012, tentamos resolver o problema da convivência das duas entidades, mas não tivemos êxito, independentemente da situação jurídica peculiar que foge à nossa alçada.

Quero pensar que os pacientes não serão prejudicados, porém as agruras da assistência médica no Brasil continuam as mesmas de sempre e substituir um Serviço complexo como a Cardio Nefroclínica, particular, por um serviço público que sempre foi deficiente e sujeito às vaidades e/ou incompetência dos mandatários, me parece temerário.

Espero estar errado, mas vamos aguardar os resultados. O Dr. Freitas é um luminar da medicina municipal e estadual, pelo menos, da mesma estirpe do Dr. Hugolino Andrade e Victorino Soares Pinto, grandes vultos do passado. Seu caso deveria ser analisado com o cuidado que sua biografia merece.

Fontes: Jornal da Sociedade Santanense de Medicina №03 de abril/1955 e Correio do Pampa de 02/10/21. Experiência pessoal.

Sant’Ana do Livramento, 03/10/21

                                                                       Carlos Alberto Viera – Médico

 

Fala cidadão:

José Maria

“Acho que o serviço tem que ficar na nossa cidade, porque daí o dinheiro pode ser investido aqui mesmo. Acho que não pode ir para outro lugar, até porque as pessoas que fazem hemodiálise precisam de cuidados, e viajar fica ruim”.

Beth Alves

“Para atender aqui muitas vezes não tem recurso, principalmente se é um caso grave”.

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