Energia Eólica: as principais características do setor que mais cresce no país
A energia eólica tem, nos últimos anos, contribuído de forma significativa para a empregabilidade, desenvolvimento e geração de renda do país, a partir dos investimentos de grandes empresas do setor, ampliando a quantidade de parques instalados no Brasil.
Para saber um pouco mais sobre o assunto, a reportagem do Correio do Pampa conversou com o gerente de projeto, Hugo Sérgio Almeida Fernández, santanense que atualmente trabalha com um dos maiores investidores de energia eólica do Brasil, na Bahia.
Formado em Eletrotécnica, pelo Senai de Livramento, Hugo Sérgio trabalhou inicialmente na área de distribuição de energia da extinta CEEE, ingressando posteriormente na AES Sul. No ano de 2005, com o surgimento do primeiro Parque Eólico do Estado, em Osório, iniciou o trabalho no ramo da eólica, indo para a Alemanha a fim de estudar sobre aerogeradores.
“Quando retornei da Alemanha fui trabalhar na Eólica em Osório, ajudando na montagem das 75 máquinas e, desde então, não parei mais. Já desenvolvi projetos no Uruguai, Nicarágua, Estados Unidos, retornei para a Alemanha e atualmente trabalho no interior da Bahia, no projeto denominado Alto Sertão III”, explanou.
Parques eólicos no Brasil
De acordo com Hugo Sérgio, o Brasil atualmente conta com 777 parques, entre os que estão em funcionamento, construção e em fase de testes. A produção do país chega a 21 giga, o equivalente a 10% do consumo brasileiro.
O Rio Grande do Sul é o quinto Estado em produção de energia eólica, chegando a ocupar a segunda posição, porém foi ultrapassado pelo Rio Grande do Norte e Bahia, onde uma série de fatores contribuíram para que se construíssem um maior número de instalações naqueles locais.
Cada torre leva em torno de três dias para ser montada, e um parque, dependendo da quantidade de torres, leva em média um ano para ficar pronto.
“São dois fatores que determinam a instalação de parques no Nordeste, primeiro a facilidade nos licenciamentos e, em segundo lugar, a falta de linhas de transmissão no RS, que tardaram a serem construídas dificultando o escoamento da produção de energia. Este último item foi sanado com a execução das linhas nos últimos dois anos”, frisou.
Características da Energia Eólica
Hugo Sérgio destaca que a Energia Eólica, além de ser ecologicamente correta, tem baixo fator de produção de resíduos e auxilia na compensação de perda das hidroelétricas, pois quando os reservatórios estão baixos, é o período que a eólica mais produz com o vento. Geralmente não existem características negativas neste tipo de energia, pois são construídas em locais distantes de centros urbanos, normalmente próximo a praias ou áreas de campo aberto. A energia eólica é um investimento que não impede a utilização da terra onde as torres estão instaladas, sendo possível a continuidade da produção local, mesmo com a presença dos equipamentos.
Funcionamento e distribuição da Energia Eólica
O gerente de projetos Hugo Sérgio Almeida explicou que a eólica aproveita o funcionamento do vento para movimentar as hélices, em uma velocidade controlada de 14 rotações, mesmo com vento forte.
“A hélice funciona como as asas de um avião, girando todo o conjunto conforme a posição do vento, além disso, cada aerogerador se controla sozinho, fazendo um movimento de 14 rotações por minuto”, pontuou.
Além disso, cada aerogerador é composto de uma caixa de engrenagem de 24 toneladas, multiplicando as 14 rotações para 1100. Na casa de máquinas de cada torre, a força do vento é transformada em eletricidade. A distribuição dessa energia é feita através de cabos subterrâneos que transportam o que é captado até uma subestação e, após para um sistema interligado, abastecendo o país.
Porque mesmo com a Eólica, ainda pagamos caro pela energia
“A energia eólica já foi uma das mais caras do país, chegando a R$400,00 o mega, e hoje está com valor mais baixo, não ultrapassando os R$100,00. O que acontece é que a eólica funciona em um sistema interligado com muitas variáveis, e a hidroelétrica atua de forma constante. Para o sistema interligado funcionar bem, precisamos produzir exatamente o que se consome, nem mais e nem menos”, explicou.
O sistema interligado do país é controlado pelo ONS- Operador Nacional do Sistema, ele é responsável por controlar a geração de energia. Hugo Sérgio explica que, o sistema de energia utilizado é das termoelétricas, as quais foram acionadas de forma frequente fazendo com que a conta de energia ficasse em bandeira vermelha. Na medida que essas fontes forem desligadas, a bandeira passará para amarela ou verde.
Ampliação do Parque Eólico do Cerro Chato
“É uma excelente oportunidade, não só para o Município como para toda comunidade. Vejo como uma grande oportunidade principalmente pela questão dos empregos”, discorreu.
Por conta da ampliação do Parque Eólico Cerro Chato, Hugo Sérgio explica que é importante que as pessoas se capacitem, a fim de conseguirem ingressar nesse ramo.
Hugo Sérgio disse que, cada mega instalado gera em média 15 empregos diretos e indireto, portando um parque com 72 máquinas como o que será instalado em breve na cidade irá gerar cerca de 1000 empregos.
Dicas para ingressar no ramo da Energia Eólica
Hugo Sérgio explicou que a demanda maior dos parques eólicos se relaciona com a mão de obra civil, porém conforme o avanço das obras, são necessários profissionais das áreas técnicas como eletrotécnico, eletromecânico, entre outros.
Uma dica que o gerente de projetos deixa para quem deseja seguir nesta linha de atuação, é a capacitação em áreas técnicas, tanto cursos nas modalidades presenciais quanto à distância. Colaborando neste mercado, o campus do IFSul, em Livramento, oferece formação em Energias Renováveis.
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