Como os profissionais de eventos enfrentaram a pandemia

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Dando continuidade à série de reportagens com os profissionais que, aos poucos vem retomando seus trabalhos, a equipe do Correio do Pampa conversou com os profissionais da área de eventos, para saber como o setor vem se reorganizando após o difícil período da pandemia.

Raiska Pujol

Vice-presidente da Associação dos Profissionais de Eventos de Livramento

 De acordo com Raiska, a associação foi criada em 15 de março de 2020, para fortalecer e unir o setor, que até então estava sem representatividade. Neste momento, Raiska e Rivalcir Baluta criaram um grupo no whatsapp com mais de 100 integrantes do setor. Através de ata, 11 empresários ficaram responsáveis por representar os demais colegas, sendo eles: presidente Alissandra Felipete, vice Raiska Pujol, secretária Ana Maciel, 2º secretário Mateus Larratea, diretor de salão de festa Andrea e Roselia, diretor de buffet Eluisa Nicolini e Fernanda, diretor de fotografia José Eduardo e Jadir Couto, diretor de decoração Carin Kipper e Eliani, diretor de banda Mateus Larratea e diretora de assessoria e cerimonial Raiska Pujol.

De acordo com Raiska Pujol, o início da pandemia foi assustador, principalmente ouvir dos colegas como cada um estava se adaptando a nova fase. Muitos trocaram de profissão, fecharam salões de festas e precisaram vender seus bens para aguentar as desistências de clientes e pagar as dívidas.

“Além da parte material também existe o emocional e dele advém o cansaço, a busca por novas oportunidades, a angústia, a insegurança quanto ao retorno dos eventos, os familiares adoecendo por covid e falecendo, a falta de alimentos em casa. Muitos profissionais tiveram momentos de depressão”, relatou.

A criação da associação serviu como ajuda para o grupo, pois em cada reunião era possível desabafar sobre o que incomodava e pontuar as ações que tomariam para frente.

“Não posso dizer que “já enfrentamos a pandemia”, que acabou, prefiro dizer que ainda estamos enfrentando a pandemia, temos muitos desafios pela frente.

Ainda continuamos nos reunindo para conseguirmos com os nossos gestores maiores flexibilizações para os eventos dos nossos clientes e para que possamos continuar trabalhando”, frisou.

Raiska Pujol destaca que o grupo nunca foi consultado sobre os decretos, até om momento em que procuraram o poder público para aprovação de documento que continua todos os protocolos que o setor adotaria para a retomada dos trabalhos.

“A aprovação demorou, porém, foi a nossa primeira vitória e o primeiro passo para iniciarmos. Conseguimos realizar algumas festas até dezembro de 2020. Logo após aconteceu outro surto de covid, esperamos mais uma vez, e tentamos uma conversa com a nova gestão, porém não tivemos retorno”, contou.

Quanto aos prejuízos, Raiska explica que ainda não conseguiram mensurar o prejuízo material e emocional, e que a retomada dos trabalhos vem acontecendo de forma lenta e gradual, com alguns profissionais já conseguindo exercer suas atividades.

“Acredito que através da vacina, os casos diminuindo no estado e na nossa cidade os eventos irão voltar a acontecer, talvez ainda não em grande proporção, porém se adequando a realidade do momento e aos protocolos”, finalizou.

 

Eluisa Nicolini de Melo

Proprietária do Galeto Itália

 Eluisa conta que o setor de eventos foi um dos primeiros impactados com as restrições de convívio social e, ao que tudo indica, será um dos últimos a ser plenamente restabelecido.

“O que nos definiu nesse período foi a resiliência, ou seja, a capacidade de lidar com os problemas; de sobreviver e de reinventar-se para superar as dificuldades; de não ceder à pressão, independentemente da situação”, destacou.

Durante esse período, alguns poucos clientes cancelaram seus eventos, porém a maioria remarcou (alguns várias vezes), renovando as energias da empresária que acredita que à frente poderá executar tudo que foi planejado. Alguns clientes optaram por comemorar de forma virtual, aumentando as entregas de cestas, kits ou caixas recheadas para os convidados, proporcionando à empresária que mantivesse seu trabalho.

Segundo Eluisa Nicolini, hoje já é possível realizar eventos com capacidade e horários limitados, o que está sendo bem aceito pelos clientes.

“Apesar da grande expectativa, sabemos que é necessário que esta retomada seja gradativa, segura e responsável, com todo o cuidado que a situação ainda exige. Nossa empresa está cumprindo à risca todas as regras e normas estabelecidas pelo COE do Município, mas a liberação total de eventos na cidade depende também da conscientização de todas as pessoas quanto aos protocolos de higiene e segurança capazes de reverter essa situação”, frisou.

Para finalizar, a empresária explicou que os clientes continuam planejando seus eventos, sempre com cautela, porém o avanço da vacinação e a evolução da flexibilização em outros países dá ânimo para acreditar que logo chegará a vez do setor de eventos. “Eventos continuarão sendo o que sempre foram para nós: celebrações da vida; registros de nossa existência; grandes reencontros!”

 

Rivalcir Baluta

Fotógrafo

 Rivalcir Baluta destacou que durante o começo da pandemia aproveitou para refletir como pessoa e profissional na busca por melhorar, não buscou desesperadamente por soluções, aproveitando a pausa para dar atenção a si. No que diz respeito ao profissional, aproveitou para trabalhar menos e se dedicar mais para cada cliente.

“Financeiramente pode ter sido pior, mas com certeza eu estou sendo mais feliz. Enfrentar o desconhecido nunca é fácil, mas precisamos olhar para os nossos narizes e aprender dia-a-dia com o que se apresenta, aprender com os nossos erros e ver o lado bom de cada oportunidade, no que diz respeito ao meu trabalho”, frisou.

Quanto aos compromissos profissionais, ele explicou que as pessoas diminuíram a procura por fotografia, por conta disso, precisou diminuir a equipe, readaptando-se a uma nova realidade. Os clientes que optaram por cancelar seus eventos tiveram os valores pagos convertidos em outros serviços, quem optou por remarcar, tem feito com muito cuidado e respeito. Sobre a retomada dos trabalhos, Rivalcir acredita que o assunto é muito precipitado.

“Temos muito medo, muito mesmo. Imagina se por acaso acabo contaminado com o COVID-19 e tenho outro evento ou outra sessão de fotos. Torna-se uma bola de neve de remarcações e problemas. Então vamos com muito álcool, máscaras para trocar e cuidado máximo. De certa forma não tem muito como “se cuidar” o que fazemos é tomar precaução”, pontuou.

Quanto às expectativas para o futuro, Rivalcir diz que nunca parou oficialmente, apenas mudou a forma de fazer eventos, frisando que a pandemia trouxe à tona a necessidade de registrar os momentos vividos acabassem se tornando notáveis e pedindo um registro fotográfico.

“Tive mais de uma sessão de fotos que foi desmarcada por conta de alguém com covid e depois essa sessão não aconteceu mais porque a doença levou. Quanto a eventos. Penso que muitas pessoas estão receosas de serem algum epicentro de disseminação de covid, e não estão erradas. Empatia nesse momento faz todo sentido”, finalizou.

 

Fabrizzio Conti

Proprietário do Solar Dom Pedro

De acordo com Fabrizio Conti, o setor de festas e eventos foi um dos mais afetados nessa pandemia.

“Ainda estamos sofrendo e sofreremos por um bom tempo as consequências. Muitos colegas tiveram que fechar ou até mesmo encerrar as atividades. Aos poucos fomos remanejando a situação que não foi fácil, pois de um dia para o outro todas as nossas atividades foram suspensas, mas os deveres e obrigações continuaram”, explicou.

Quanto aos eventos agendados, o empresário destacou que todos os eventos agendados e prestes a serem realizados foram reagendados mais de uma vez, aguardando que a situação melhorasse. Alguns eventos foram cancelados, mas a empresa deu a possibilidade de troca por outros serviços ou produtos, assim nenhum cliente ficou sem uma solução.

“Aos poucos estamos no reerguendo e buscando soluções para a retomada das festas com segurança e seguindo todos os protocolos. É melhor empresas seguindo protocolo e sendo bem fiscalizadas, do que festas clandestinas acontecendo”, pontuou.

Fabrizio Conti conta que vem recebendo muitas reservas de datas para os próximos meses e ano seguinte, com a expectativa de que tudo se normalize e que seja possível voltar com as festas, destacando a importância da reserva de datas para que não fiquem sem dias disponíveis.

O Solar Dom Pedro, assim como todas empresas formais, vem cumprindo rigorosamente todos os protocolos e obrigações referentes ao COVID-19, o local tem se convertido no setor restaurante adicionando cafeteria e expandindo seus horários de atendimento das 10:00 até 22:00 da noite.

 

José Erni de Almeida Jobim

Operador de áudio e empresário

 De acordo com José Erni, ainda estamos enfrentando a pandemia, visto que algumas pessoas ainda estão aguardando para remarcar seus eventos e esperando libração. Na área de sonorização a alternativa foi trabalhar com as lives.

“Eu já tinha todo equipamento para lives no estúdio e parti para este segmento. Hoje ainda estou reorganizando as lives e tenho trabalhado muito mais dessa forma, porque profissionalizei o material que tinha para este tipo de trabalho”, frisou.

Quanto aos clientes que haviam reservado datas para eventos, Erni explicou que 90% de seus clientes remarcaram as datas, tendo apenas um evento cancelado.

“Ainda não temos um cenário do que vá acontecer. Creio que alguns casamentos que estavam preparados ainda vão ser realizados, outros não mais. Muita gente utilizou o valor reservado para as festas em outra finalidade. Ainda não sei como vamos lidar com isso, quando liberarem os eventos é que vamos ver”, pontuou.

Segundo José Erni, a retomada dos trabalhos está ocorrendo de forma gradual, eventos realizados com pouca gente, e muitas pessoas se adaptando aos novos tempos, realizando festas em casa, somente com a família, acreditando que as festas em clubes vão demorar um pouco mais para acontecer.

“Acho que as festas vão começar a acontecer entre família mesmo, sem muitos convidados, esse, acredito que será o futuro, até mesmo pela questão financeira. Tenho alguns trabalhos agendados, alguns eventos para o mês de dezembro, mas tudo coisas pequenas, além das lives que continuam sendo realizadas”, finalizou.

 

 

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