Com 54 focos do mosquito da dengue, Livramento é considerada “infestada”

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A informação foi confirmada em entrevista à reportagem do Correio do Pampa, pelo supervisor da Vigilância Sanitária, Fellype Moraes, que contou que hoje a cidade consta como infestada pelo mosquito da dengue, já que de janeiro a fevereiro deste ano, já foram encontrados 54 focos, além disto existem em análise 84 focos.

“Como a cidade consta como infestada, não existe a volta no local para avisar o morador que ali deu um foco positivo, no começo havia, porque eram focos isolados, então se voltava no local e avisava o morador, pedindo para que ele tivesse mais cuidado. Hoje em dia quando é encontrado o foco, ele é eliminado ou tratado, porque existem focos que não tem como virar a água, porque são os localizados em depósitos de água baixa, como toneis e piscinas que estão sem uso, por isso tratamos na hora ou eliminamos”, citou.

Segundo ele, existe uma falta de pessoal para atuar na área, deveria haver 48 funcionários na atividade, porém contam apenas com 15. Como a cidade consta como infestada, não existe a necessidade de os profissionais voltarem local a todo momento, sendo feito uma orientação mais cuidadosa.

Cuidados

Ele explicou que a comunidade pode se prevenir limpando o seu pátio, já que no verão existe uma maior incidência do mosquito, porque é a época do ano que ele se adapta melhor. Além disso, as crianças brincam mais do lado de fora e consequentemente deixando brinquedos que acabam coletando água, sem contar a questão das piscinas e das chuvas repentinas.

“Até que neste verão não tivemos tanta chuva, mas essas chuvas com muito vento entopem as calhas, por isso é necessário revisar estes locais depois da chuva, isto também vale para os vasos de plantas”, relatou.

Ele destacou que acredita que serão encontrados mais focos do mosquito, porque esta é a época ideal para eles, além disso, e as equipes ainda não fizeram toda a volta na cidade, de acordo com a rota estabelecida.

“Existem algumas zonas, as mais periféricas que tem UBS em atividade, que este trabalho é responsabilidade destas unidades, então a gente sempre espera que eles estejam acompanhando os casos. Como não é a atividade principal deles, eles contam muito mais com a orientação da população, do que com o próprio manejo”, falou.

LEISHMANIOSE

Mosquito-palha ainda não foi encontrado, mas já contaminou 27 animais no município

Apesar da dificuldade de encontrar o mosquito, foram distribuídas 80 armadilhas na cidade

O Supervisor da Vigilância Sanitária, Fellype Moraes contou que em 2019, surgiam os primeiros focos do mosquito palha, principal transmissor da leishmaniose, quando ocorreu o contato com um cachorro de outra cidade que veio para Livramento e acabou contaminando outros animais. A partir desse momento, iniciou um acompanhamento, sendo descoberto na época, em torno de 17 cachorros contaminados. Posteriormente veio o covid-19 e a equipe ficou um pouco desestruturada, já que tiveram que utilizar veterinários de outras secretarias e esta parte acabou ficando estagnada.

“No começo deste ano tivemos um caso suspeito em um cão, foi coletada a amostra e deu reagente, a partir de então, seguimos todo o trabalho. Hoje temos 10 animais positivos, além disso, contamos com os que haviam positivado anteriormente que chega aos 17, somando temos ao todo 27 cães que já tiveram contato, conseguindo rastrear a maioria, porque alguns estão em tratamento ou já vieram a óbito”, citou.

Segundo ele 10 animais infectados é um número muito elevado, porque a partir dos primeiros focos foi aumentando gradativamente, porém, até o momento, não foi encontrado o mosquito que transmite o parasita.

“Pela dificuldade de encontramos o mosquito, o Estado veio auxiliar nos trabalhos e distribuiu 80 armadilhas em Livramento, porém nenhuma capturou o transmissor que é o mosquito conhecido como “mosquito-palha”. Em fevereiro vamos colocar mais armadilhas, além disso vamos realizar uma outra ação para vermos se achamos o transmissor”, relatou.

Ele destacou que se o mosquito picar o cachorro ele vai fazer a mutação do vírus. A partir da mutação do parasita ele pica a pessoa contaminando-a, então por contato direto com o animal a pessoa não vai pegar a leishmaniose, porque é necessário haver a mutação com o mosquito.

Principais cuidados

Fellype disse que para evitar a contaminação é necessário limpar o pátio, não a água em si, porque o mosquito não vai se reproduzir na água, como o Aedes, ele vai se reproduzir na umidade de matéria orgânica, então será nas próprias fezes do cachorro que fica no pátio, folhas e madeira que tiver contato com o chão.

“A gente sempre pede que a população tome este cuidado, já que agora são dois mosquitos, além do cuidado com a água, quando cortar a grama é recomendado ensacar. A Prefeitura recebe restos de vegetais, quem puder levar até lá é mais prático, também é possível ligar para os serviços urbanos que eles recolhem, mas eles possuem uma demanda grande então demora, quando é pouca grama o pessoal da ANSUS consegue levar”, explicou.

Entre os principais sintomas, geralmente o animal infectado fica com a unha cumprida, as orelhas ficam com as pontas sangrando e com algumas feridas, além de estarem com a volta dos olhos feridos, escamação da pele, o cachorro tem muita fome, come e começa a emagrecer, fica abatido, então ele se torna suspeito.

“Caso alguém identifique algum animal contaminado, pode ligar para a Vigilância Sanitária, dizendo que tem um cão suspeito, inicialmente eu ou meu colega realizamos a primeira análise, e fazemos uma coleta que será enviada para o LACEN, em Porto Alegre. Este irá analisar a coleta enviada e verificar se o cão está positivo ou negativo”, finalizou.

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