Brasileiros com dupla nacionalidade se vacinam em Rivera

Quem possui cédula de identidade uruguaia e tem entre 50 e 70 anos, pode imunizar-se no país vizinho
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O Uruguai estendeu, desde segunda-feira (15), a campanha de vacinação contra a Covid-19 para cidadãos com idades entre 50 e 70 anos, com dupla nacionalidade brasileira e uruguaia e que sejam moradores das cinco áreas urbanas na divisa com o Brasil — todas localizadas na fronteira com o Rio Grande do Sul.

Os imunizantes, entretanto, são destinados apenas a moradores do lado uruguaio, com residência fixa, ou a pessoas que trabalham no país, mas vivem em cidades brasileiras.

Essa foi uma boa oportunidade para os moradores da Fronteira Livramento-Rivera, já que a campanha de vacinação no Brasil tem sido lenta. Em Sant’Ana do Livramento, por exemplo, a vacinação está destinada, nesta fase, aos idosos a partir dos 70 anos.

Segundo o Ministério da Saúde do Uruguai, 30 mil doses foram direcionadas aos municípios na fronteira com o Brasil, e a orientação é não deixar “vacinas na geladeira”. O governo uruguaio destinou parte dos imunizantes que sobraram de outras regiões do país para reforçar a vacinação na fronteira, tentando assim blindar o país da ameaça de novas variantes, como a P1, originada em Manaus.

A situação brasileira preocupa o governo uruguaio, mesmo que em departamentos como de Rivera, o número de infectados seja maior do que o registrado em Sant’Ana do Livramento.

A professora Andrea Raffone nasceu em Rivera, é filha de pai uruguaio e mãe brasileira, porém tem dupla cidadania por também ter sido registrada no Brasil.

Em entrevista para nossa reportagem, ela conta que soube da vacinação através de amigas que trabalham na área da saúde e das mídias digitais que antecipavam o provável acordo e a vacinação dos fronteiriços que tivessem a particularidade de dupla cidadania. “Quando noticiaram acreditei que os professores registrados no sistema educacional do Uruguai seriam os primeiros vacinados, onde eu também poderia me encaixar por ter a cédula uruguaia. Depois, conforme divulgado, pude ser imunizada pelo fato de ter a cédula, independentemente da profissão”, frisou.

 

O processo

Andrea conta que recebeu um número de WhatsApp vinculado ao Ministério da Saúde do Uruguai para fazer o cadastro para agendamento. O processo foi todo realizado via WhatsApp, com agilidade para contato. “Ao término desse contato, já saí com o endereço do local da vacinação, a data e horário da primeira dose e a data e horário da segunda dose. A primeira dose eu fiz dia 13 de março e a segunda dose já está marcada para o dia 13 de abril, ambas as 16h no Sanatorio Comeri”, contou.

Segundo Andrea, o local de vacinação é extremamente organizado, com distanciamento físico e profissionais altamente paramentados, cumprindo todos os protocolos. “Lá acessamos a sala de vacinação, preenchemos um papel com nosso nome e telefone de contato/WhatsApp (número uruguaio), número de registro na cédula de identificação (que corresponde ao RG) e o endereço. Após, somos encaminhados a essa sala, onde procedem a vacinação. Depois, solicitam que fiquemos uns quinze minutos sentados para relato de algum incidente, mal-estar, desconforto, reação, que no caso não tive”, explicou.

Sobre o sentimento de receber a vacina, Andrea comenta que notadamente é de esperança. “Penso que essa pandemia veio para que possamos revisar nossos conceitos e entender que a vida está precisando de um novo normal. Sei que essa imunização não é a cura, os cuidados não podem cessar. A sensação é de prolongamento da vida, que essa vacina, a exemplo de qualquer outra, seja essa possibilidade de vida com qualidade, ou seja, mesmo que sejamos acometidos da covid, que ela não tenha os efeitos que temos visto nessa atual realidade. Que a gente entenda que só vai poder estar bem quando todos estiverem vacinados. Ao mesmo tempo em que me sinto esperançosa, lamento por não ter sido no meu país, onde fica escancarada a falta de políticas públicas para uma questão sanitária tão urgente, tão necessária à nossa população”, ponderou.

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