Dando continuidade à série de reportagens sobre a situação na qual se encontra o Município, a reportagem do Correio do Pampa conversou com autoridades e representantes de entidades locais, a fim de saber a opinião sobre o momento atual em que vive Sant’Ana.
Sérgio Oliveira
Representante do Sindilojas e Fecomércio de Livramento
“Administrar uma cidade como Livramento e trabalhar para o seu desenvolvimento sustentável e inteligente exige superar dificuldades nos campos político, social e econômico. O desenvolvimento ocorrerá quando planejarmos o crescimento da cidade de forma a garantir o acesso seguro, justo e digno da população aos serviços urbanos, como mobilidade, infraestrutura, saúde, educação, qualidade ambiental, entre outros. O que vemos em Livramento ao longo dos anos é a falta desse planejamento, com a obrigação do Poder Público atuar sob demanda. Talvez por essa razão estamos vendo uma cidade em que a maior parte da população reclama sob todos os aspectos, pois como contribuintes, somos afrontados com taxas elevadíssimas na carga tributária, recebendo pouco em troca, com carência no atendimento da saúde, transporte coletivo, infraestrutura viária, escolas, estradas rurais, enfim, tudo o que é dever do Estado para com a população. Se um dia Santana do Livramento tiver a execução de um planejamento estratégico, com visão de curto, médio e longo prazo, com certeza acontecerá o sucesso do desenvolvimento. Esse planejamento deve contar com envolvimento não apenas do poder público, mas também de outros agentes de desenvolvimento, como empresários, empreendedores, terceiro setor, Universidades e a própria sociedade.
Como representante de Entidades como o Sindilojas e Fecomércio, não vejo o poder público interagir com a sociedade na busca pelo diálogo para a solução dos nossos problemas, com isso, ficamos reféns da própria sorte”.
Carlos Roberto Fervenza
Presidente da Acil e CDL
“Unir as entidades, entes, órgãos e instituições dos setores público e privado em uma espécie de pacto urgente pelo desenvolvimento econômico e social do Município é uma alternativa que precisa ser amadurecida com a maior brevidade possível e, se implantada a partir da compreensão e entendimento de todos, vai começar a gerar resultados positivos de forma gradual, mas substanciosa e contínua. As duas entidades vêm trabalhando com esforço significativo na conscientização dessa necessidade, buscando aproximação e diálogo com entes dos setores público e privado, dado entendimento de que os atores sociais estão realizando, dentro de suas competências e possibilidades, ações individualizadas, as quais, se tornadas coletivas, potencializam os resultados. Há décadas todos nós conhecemos os problemas, as dificuldades e temos noções das possíveis soluções para estes, mas, infelizmente, não houve densidade resolutiva ainda, o que, com a associação de esforços tende a ocorrer. É preciso estar ciente das complexidades que são pertinentes ao setor público, da mesma forma que ocorrem no segmento privado, entretanto, elas não podem ser obstáculos para projetos e ações solucionadoras, por isso, a necessidade de ampliar os diálogos entre as entidades, seus dirigentes, as lideranças políticas, empresariais, comunitárias, enfim, a essência da cidadania, a sociedade constituída que, democraticamente, só tem um caminho, o diálogo na busca pelo entendimento, com o respeito aos pensamentos diferentes; mas com a contundência dos argumentos mais realistas que podem ser vistos no cotidiano: o próprio dia-a-dia das empresas e pessoas que fazem o município girar economicamente. Considero fundamental associar a todos, independente de ideologias políticas, partidárias, as quais, sim, devem ser respeitadas, mas não devem representar inimizades, já que o contraditório deve ser exposto como o meio de dialogar pelo crescimento e o desenvolvimento na prática, já que dos discursos históricos e não concretizadores todos, conhecedores que são, estão saturados. Está sendo construído um caminho alternativo de diálogo e é nesse sentido que a ACIL, em paralelo a seu cotidiano de atividades, vem trabalhando institucionalmente, com diálogo e imparcialidade, tendo como foco exclusivo solidificar o desenvolvimento do Município”.
Delmar da Rosa
Presidente da Unamos
“Nossa cidade está um caos, a saúde, educação e infraestrutura, quando os médicos pedem demissão em massa no hospital, a comunidade fica sem transporte público a educação ruim, é caso de calamidade pública, estamos com um governo fraco diante de problemas graves que afeta toda a comunidade, e além de ser diretamente prejudicada pela falta de serviços ainda é quem vai pagar essa conta, vivemos uma crise na educação, saúde e social, pois o povo está diante de sérios problemas financeiros com dificuldade de suprir suas necessidades básicas”.
Aquiles Pires
Presidente da Câmara de Vereadores
“Beirando os 200 anos, nossa cidade passa por um período com problemas contínuos nas mais diversas áreas, e que se agravam diariamente, sem que a população veja resultados práticos em seu benefício. São várias justificativas, mas pouco comprometimento e efetividade prática na solução dessas situações. A gestão municipal precisa focar nas metas e reorganizar o trabalho, colocar o lado “técnico” para trabalhar efetivamente em prol das pessoas e do desenvolvimento da cidade. Os municípios são os mais afetados com a política governamental, que é um reflexo que vem de cima para baixo. O que se vê são perdas dos direitos trabalhistas, estagnação dos salários, perda do poder aquisitivo, aumentos exorbitantes de preços, alta carga tributária e ausência de políticas públicas sociais inclusivas, tudo isso aliado à falta de estruturação urbana na prestação dos serviços públicos básicos à população, como, por exemplo, saúde, educação, saneamento básico e transporte público. Todos devem assumir seus papéis como atores sem repasse de responsabilidades, dialogando e com ações práticas. A população diariamente cobra a conta da classe política, que tem o dever de proporcionar as melhorias e condições necessárias ao efetivo exercício da cidadania em sentido amplo, o que é um dever do Poder Público”.
Vereadora Eva Coelho
“Há anos, o município vem passando por uma grande crise financeira. E, a cada ano que passa, a crise se agrava. Hoje o município vive um caos imenso, cada dia que passa os problemas crescem em dimensões sem fim. A precarização do trabalho na Santa Casa de Misericórdia é clara pelos fatos que estão expostos para todos verem, a demissão em massa de profissionais de saúde, o atraso nos salários destes profissionais são características de um déficit orçamentário, sendo notório que não será resolvido tão facilmente, tão pouco, rapidamente. Outra situação desumana é chegar ao ponto de nós não termos o transporte público no município, sendo que isso é uma das coisas básicas e fundamentais para as pessoas chegarem aos seus trabalhos. Nunca isso aconteceu aqui. Pode ter ocorrido o atraso nos repasses dos valores para as empresas responsáveis pelo transporte, mas chegar ao extremo de não ter o transporte, isso é o fim. Não basta somente declarar, através de decreto ou de qualquer outro meio, calamidade financeira. É preciso um conjunto de ações concretas, a participação e a colaboração de todos, tanto dos poderes constituídos quanto dos cidadãos, todos juntos em apoio para erguer novamente a nossa cidade. Simples assim”.
Vereador Felipe Torres
“Vivemos o pior momento da história da cidade, em quase 200 anos. A cidade sempre registrou inúmeros problemas históricos, mas nunca tinha visto um momento do agravo destes problemas sem perspectiva de melhoras, por culpa de uma gestão que não tem diálogo, arrogante e incompetente. São inúmeros problemas e a população está vendo. Sérios problemas na Santa Casa, com médicos pedindo demissão em massa, uma cidade que aumentou o IPTU em quase 34%, em plena pandemia graças ao Executivo Municipal, transporte público precário, que só voltou a funcionar pela liberação da verba da Câmara de Vereadores e com sérios problemas na educação e infraestrutura. Sinceramente, com esta atual gestão, não vejo uma luz no fim do túnel. É uma situação bem complicada, estamos enfrentando um caos no município de Sant’Ana do Livramento”.
Vereador Jovani Romarinho
“De uma visão hoje, não tem como falar de presente e futuro sem olhar para o passado, porque na administração pública só mudam as pessoas, porque continua acontecendo de forma concomitante com todos os fatores. A questão de Livramento hoje, precisamos avaliar os cenários externos, pois possuímos o litro de diesel mais caro do que a gasolina, sendo que ano passado tínhamos o diesel a R$3,40, então evidentemente que não temos como manter as mesmas condições, mas isso acontece porque o maior produtor de diesel está em guerra. Sobre a crise no transporte, sabemos que o modos operandi das empresas sempre foi esse, para conseguir aumentar a tarifa. Quando no passado, reduziam os horários para dizer que precisavam aumentar a tarifa, aconteceu da mesma forma agora, só que neste momento a gestora do município resolveu não agir do modo como estavam acostumados. Quanto a infraestrutura, o Governo Municipal, no primeiro ano, entregou mais de 4km de asfalto em rotas de mobilidade urbana, para o segundo ano, já se vê movimento para entrega de mais de 5km também em rotas de mobilidade urbana, e isso impacte de forma positiva no serviço do transporte público. Referente a saúde, antes da pandemia não tínhamos um serviço público de excelente qualidade e os problemas continuam os mesmos, a tabela SUS não remunera conforme deveria e a Prefeitura precisa seguir investindo valores. Desde 2021 tem se buscado que o hospital seja um prestador de serviços e a atual gestão vem trabalhando para deixar estes serviços prontos. Os médicos ficaram um mês sem receber, e já colocaram aviso de desligamento do hospital, mas no passado já ficaram um ano sem receber e não interromperam os serviços, dessa forma fica muito complicado para a administração do hospital. Aprovamos a contratação de novos médicos, inclusive um neuropediatra, portando ao mesmo tempo que existem problemas, também estamos trabalhando para buscarmos soluções. Sobre desenvolvimento da cidade, a atual gestão começou uma série de encontros para construir uma base sólida de desenvolvimento para a cidade, alinhando com diversos atores sociais na construção de melhorias que ultrapassem gestões. Sobre saneamento básico, que é uma das demandas da população, principalmente nos bairros, a autarquia responsável está trabalhando ativamente, com a perfuração de poços em várias localidades, como bem podemos observar em lugares que antes, não haviam recebido nenhuma atenção neste sentido. Talvez estas coisas acontecendo de forma descentralizada, fique difícil para a comunidade enxergar, mas muito está se fazendo pela nossa cidade”.
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