Enfrentando um cenário preocupante com relação à pandemia do coronavírus, o município de Sant’Ana do Livramento além de contar com um número alto de casos ativos e altos índices de internação, está próximo de atingir a triste marca de 100 óbitos por Covid-19.
Segundo o último boletim epidemiológico divulgado pelo Governo Municipal até o fechamento da edição, na sexta-feira (16), a cidade contava com 512 casos ativos, 98 óbitos e 23 hospitalizados, sendo que os leitos Covid estavam 87,50% ocupados e a UTI Covid estava 100%. Vale ressaltar que durante a última semana, a taxa de ocupação voltou a atingir 100% em todos os leitos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou pandemia mundial devido ao coronavírus em 11 de março de 2020 e, o primeiro óbito por Covid-19 foi confirmado no município em 13 de maio de 2020. Desde então, ao longo de pouco mais de sete meses, até o dia 31 de dezembro de 2020, Sant’Ana do Livramento contava com 14 falecimentos devido ao vírus.
Já no início de 2021, em 31 de janeiro, notou-se um grave aumento, quando em um mês o número de óbitos por Covid-19 dobrou, atingindo 29 pessoas e foi maior do que o registado nos 10 meses anteriores. Na época, a reportagem do jornal Correio do Pampa conversou com o Dr. Marcelo D’Ávila, que trabalha na linha de frente de combate à Covid-19 e utiliza as suas redes sociais para mostrar a sua rotina de trabalho. O médico revelou acreditar, na data, de que esse aumento era um reflexo de uma série de fatores, como o alto poder de transmissão do vírus e a diminuição dos cuidados pessoais e de distanciamento, comparado ao início da pandemia.
Entre os meses de janeiro e abril, o número de vidas perdidas aumentou significativamente. Em 28 de fevereiro já haviam 46 óbitos no município, ao final do mês de março, no dia 31, já havia aumentado para 76 e, até esta sexta-feira, 16, foram confirmadas 98 mortes. Veja o gráfico sobre o aumento de óbitos:
GRÁFICO
13 de maio de 2020 – primeiro óbito
31 de dezembro de 2020 – 14 óbitos
31 de janeiro de 2021 – 29 óbitos
28 de fevereiro de 2021 – 46 óbitos
31 de março de 2021 – 76 óbitos
16 de abril de 2021 – 98 óbitos
Opinião médica
A reportagem do jornal Correio do Pampa conversou nesta semana com o Dr. Tiago Lopes, pneumologista que também atua na linha de frente da pandemia. Confira:
CPampa: Qual a sua avaliação da atual situação do município com relação à pandemia?
Dr. Tiago: Enfrentamos atualmente o pior momento no município desde o começo da pandemia, com elevação crescente do uso de leitos hospitalares, em situação de quase colapso (que diga-se de passagem só não ocorreu totalmente porque o CHS passou a receber muitos pacientes) e, infelizmente, de óbitos.
CPampa: A que atribuiria esse aumento expressivo de óbitos?
Dr. Tiago: Acredito que se possa atribuir o aumento dos óbitos ao surgimento da variante do vírus, que é muito mais transmissível, atinge várias pessoas de uma mesma família ao mesmo tempo, e causa uma doença mais grave, muito menos responsiva aos tratamentos, além de atingir faixas etárias mais baixas. Nós médicos da linha de frente observamos um comportamento totalmente diferente da doença nesses últimos meses em comparação com o ano passado.
CPampa: Há um fator em comum entre estes óbitos?
Dr. Tiago: O fator comum entre os óbitos é uma apresentação clínica de doença de agravamento rápido, em geral com evolução pior em diabéticos e obesos. Mas infelizmente também temos visto formas graves em pessoas sem comorbidades.
Reunião na Câmara de Vereadores
Na última quinta-feira (15), a convite da Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores, a secretária municipal de saúde, Caroline Alves Gomes, a diretora da Santa Casa de Misericórdia, Leda Marisa, e o coordenador da Vigilância Epidemiológica, Paulo Henrique Vargas, participaram de uma reunião no legislativo, para esclarecer as ações que a Secretaria de Saúde vêm tomando diante da Covid-19, sobre a vacinação e com relação a serviços, contratos e funcionamento do Hospital.
Durante a reunião, Leda Marisa revelou que atualmente em Sant’Ana do Livramento 14% dos pacientes internados tem menos de 40 anos e 24% tem entre 50 e 60 anos. Ela contou também que escuta dos especialistas que mudou a cepa e ressaltou que não há tratamento para a Covid-19, somente para os sintomas.
A diretora do hospital contou que os pacientes estão sendo internados no Pronto Socorro e também em alguns cômodos da ala covid foram incluídas camas a mais, para familiares.
Leda avaliou que os recursos recebidos em 2020 poderiam ter sido utilizados em equipamentos para o atendimento Covid, porém, no período se pensava que o pior já havia passado, contudo, ela afirmou que estamos vivendo o pior momento da pandemia e que este deve se estender.
Ela destacou que através de doações recebidas estão viabilizando pelo menos seis novos leitos Covid para a Santa Casa de Misericórdia.
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