História

A lança sempre foi uma arma predileta dos gaúchos em suas guerras. Eles viram os índios usá-las com habilidade em suas investidas guerreiras, e com eles aprenderam o seu manuseio. Os esquadrões de lanceiros rio-grandenses sempre foram temidos nos campos de batalha. Suas cargas de lanças levavam o terror às infantarias e cavalarias inimigas. Garibaldi em suas memórias registra: “Eu vi batalhas mais disputadas, mas nunca vi, em nenhuma parte, homem mais valente, nem lanceiros mais brilhantes que os da Cavalaria Rio-Grandense… Durante a Revolução Farroupilha surgiram grandes lanceiros, e os historiadores gaúchos destacaram os perfis de alguns líderes farrapos. Entre eles, Teixeira Nunes, que foi considerado o maior herói farrapo e também a maior lança farrapa na revolução. Era uma lança das primeiras. Era um oficial temido pelos seus inimigos, apresentando-se a frente de seu corpo de cavalaria na ocasião do combate. Era exímio no manejo da lança com uma destreza incomum. Teixeira Nunes organizou o Corpo de Lanceiros negros, formado por escravos ou libertos. À frente dessa força de guerreiros ébanos, praticaria façanhas de heroísmos e coragem. Após inúmeros combates, ostentou galhardamente os galões de coronel. Por suas qualidades, de homem justo, de bom trato, valente e de muita tática de guerra, seu nome seria tratado pelo título de honroso de bravo dos bravos. Esteve presente em todos os combates da revolução e foi destaque na expedição a Laguna. Entrou triunfante em Lajes e assumiu o comando militar e político, e com respeito e amizade conquistou a confiança dos simpatizantes da causa republicana, revelando mais um positivo aspecto militar de sua personalidade. Também se destacou no assalto a S. José do Norte, com ousadia e coragem sob comando de Bento Gonçalves. Garibaldi continua a elogiar os lanceiros em suas “Memórias”: “… em cujas fileiras comecei a desprezar o perigo e combater dignamente pela causa sagrada das gentes. Onde estão esses belicosos filhos do Continente, tão majestosamente intrépidos nos combates? Onde Bento Gonçalves, Netto, Canabarro, Teixeira Nunes e tantos valorosos lanceiros que não me lembro! O maior lanceiro farrapo, Teixeira Nunes, caiu em combate, no confronto com a tropa imperial do temido Chico Pedro, peleando de lança na mão, 4 dias depois do desastre de Porongos. Morreu segurando a sua arma predileta que o imortalizou, a lança. O garboso comandante de lanceiros negros ganhou seu lugar de destaque na galeria dos grandes heróis do Rio Grande.