História – 10/10/2020

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O PRIMEIRO TROPEIRO DO RIO GRANDE DE SÃO PEDRO

O primeiro tropeiro que a história registra dos primórdios do Rio Grande do Sul é a figura impressionante do português Cristóvão Pereira, nascido em Ponte de Lima, Portugal, no ano de 1680. O historiador Moisés Vellinho assim o descreve: “Era cavaleiro da Ordem de Cristo, aparentado aos Távoras, possuindo brasão e cota de armas. De instrução acima do normal para a época, era capaz de levantar mapas e redigir como seguro conhecedor da língua” (Livro Capitania d’El Rey). Deve ter vindo muito jovem para o Rio de Janeiro. Em 1702 o Rei resolveu “por contrato” a caçada de gados e a exportação de couros pela Colônia do Sacramento, sendo monopólio arrematado por Cristóvão Pereira mediante o compromisso de pagar certa quantia à Fazenda Real. Nesse período Cristóvão Pereira cria uma aliança com os índios minuanos, disputando aos espanhóis e missioneiros a posse dos bois e cavalos que arreavam à margem esquerda do Rio Uruguai. Sendo um homem de visão, e sob seu impulso, o comércio de couros cresce espetacularmente.  O período áureo desse ciclo vai de 1726 a 1734, quando se exportavam anualmente, pelo porto da Colônia, 400 a 500 mil couros. Centenas de “corambreros” entregam-se de corpo e alma à matança de gado para extração de couros. Então, iniciava-se, desta feita, a gradativa decadência econômica dos Sete Povos da Missão Orientais. Tão desordenada e bárbara era esta prática que, naquele tempo, já fora prevista a total extinção do gado. As Minas Gerais, no auge da exploração de ouro, necessitavam de mulas para o transporte de suas riquezas até o porto do Rio de Janeiro e para vinda de mercadorias importadas. Cristóvão Pereira, então, inicia, com seu amigo e auxiliar Francisco de Souza e Faria, a ligação entre o Sul e o Centro do País, abrindo picadas que depois constituiriam a rota dos tropeiros desde os Campos de Viamão até os Campos de Cima de Serra, Lages e Campos de Curitiba e Sorocaba. Acompanhado de 60 homens, constrói mais de 300 pontes para encurtar o trajeto.  Com o comercio de mulas e cavalos, está inaugurado o ciclo do tropeiro no Sul do Brasil. A “Estrada dos Tropeiros”, foi a primeira estrada boiadeira do Brasil Colônia, fornecendo cavalos e mulas essências como meio de transporte. Em 1736 foi nomeado coronel e com 160 voluntários, chegando na barra de Rio Grande, construiu na margem sul um fortim provisório, preparando a chegada do engenheiro e militar Silva Paes para a construção do forte Jesus Maria José e a fundação da vila de Rio Grande. Cristóvão Pereira foi um desbravador, aventureiro, o mais famoso tropeiro que uniu a rota São Paulo até a Colônia do Sacramento. Ele abriu caminhos, levou mulas para a mineração e tirou a economia sulina do isolamento.

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