História

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CAUSAS DA REVOLUÇÃO

Nos aproximamos dos festejos da Semana Farroupilha, exaltando a Guerra dos Farrapos que abalou as bases de um Império. Pesquisando a opinião de historiadores do passado, sobre o assunto, encontrei o de Alfredo J. Rodrigues contido no livro Cronologia da História Rio-Grandense de 1936, e que diz o seguinte:” O espirito nacional, sopitado em outros pontos, despertou vivaz no Rio Grande. Essa raça de centauros que haviam feito cem campanhas, não se podia subordinar à preponderância do estrangeiro. Havia aqui vitalidade bastante para repelir a servidão. A imprensa soltou escancarado o primeiro brado de revolta, quando já as sociedades secretas haviam solapado o terreno, convulsionando tudo. O elemento brasileiro sentiu-se forte, apoiado na espada de guerreiros famosos; sentiu-se que, se fosse preciso, à força de armas, faria o que não conseguisse pela propaganda. A luta pela imprensa tomou em breve serias proporções. Do terreno da discussão calma desceram os contendores à injustiça, à injuria diária. Os portugueses chamados   por ação feita de propósito retrógrados, galegos, caramurus, corcundas, alcunhavam aos liberais de farroupilhas, pês de cabra, retribuindo injúria por injúria. Criavam-se pequenos jornais de proporções minúsculas, especialmente para sustentar a polêmica nesse terreno, lançando-se mão de todos os meios para deprimir os adversários. Isso ainda mais contribui para excitar os ânimos, avigorando os ódios que separavam as duas facções. Partidários exaltados de um e de outro lado chagavam ao extremo de concluir as questões a pau. Continuadas rusgas tiveram, por muito tempo, em sobressalto a população da capital e das principais cidades. Foi essa a causa primordial da revolução, a que arrastou a maioria do povo. O sentimento nacional revoltou-se contra a preponderância que pretendia assumir o elemento português. O receio da restauração do primeiro império era apenas uma consequência desse ódio. Não queriam a volta de Pedro I, porque ele era português e com os portugueses viria governar. E tanto foi assim que, desaparecidos os meios de restauração com a morte do imperador deposto, não se amenizou por isso os ódios entre portugueses e brasileiros. A revolução, a par das ideias liberais que a impulsionaram, também um movimento de nativismo, de jacobinismo, como diriam hoje, taxem-nos embora de exagerados, mas em todo o caso justificado. E talvez em nossa história política o exemplo mais eloquente de quanto é capaz o espírito nacional”. Portanto, passados 85 anos, ainda é valido o posicionamento desse historiador.

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