OS IMIGRANTES ESPANHÓIS EM SOLO GAÚCHO
Muito devemos aos imigrantes que vieram para o Rio Grande do Sul. Os imigrantes trouxeram novas idéias: a força do trabalho, o cooperativismo, coragem, sagacidade e cultura. Entre eles, os espanhóis, pois, milhares deles começam a entrar pelas fronteiras gaúchas no final do século XIX. Aportam semiclandestinos, sem documentos, sem passaportes e livres de qualquer registro ou fiscalização. O trabalho agrícola escasso, mal remunerado e às vezes improdutivo na Europa faz do Rio Grande do Sul a terra da promissão. O solo gaúcho exerce sobre os ibéricos uma atração especial. O imigrante Enrique Garcia Ortiz descreve porque cruzou o oceano:” – O clima aqui é favorável, as terras são férteis, temos a mesma etnia e religião e o idioma é inteligível”. As origens dos imigrantes espanhóis que chegam ao Estado são as mais diversas: Castela, Vascônia, Aragão, Astúrias, Andaluzia e Cataluña. A maioria veio muito jovem, acostumada à vida difícil e ao trabalho duro. Suas profissões, mesmo modestas, deram impulso ao desenvolvimento da economia gaúcha. Na pecuária, a zona da fronteira – Bagé, Livramento, Uruguaiana – conserva até hoje famílias espanholas e seus descendentes. Para a nossa cidade chegaram: Frederico Aragones, Lourenço Cabello, Francisco Iriondo, Pedro Albornoz e outros. Na agricultura, muitos foram os imigrantes que se estabeleceram e prosperaram nas encostas do Rio das Antas, em especial no município de Bento Gonçalves. Na zona carbonífera de São Gerônimo, Butiá e Arroio dos Ratos, a colônia espanhola é responsável em grande parte pelo atual progresso. Foram tantos imigrantes a trabalhar unidos que fizeram aflorar daquelas terras uma das mais importantes riquezas minerais. Em homenagem aos mineiros espanhóis, a avenida principal do Arroio dos Ratos se chama Espanha. Quase todos os imigrantes espanhóis tinham um trabalho especializado – carpinteiros, alfaiates, ourives, gráficos, etc.. -e, por terem uma qualificação profissional, manifestaram suas ideologias e lutam pela igualdade social. Suas idéias tinham grande receptividade junto à classe operária assalariada. No começo do século XX, entre 1906 e 1917, quando os movimentos grevistas começaram a aparecer, os espanhóis tiveram ativa participação no sindicalismo. Contribuíram com a experiência adquirida na atuação nos sindicatos de sua terra de origem e, também, com a forte ideologia do anarquismo europeu que muitos traziam dentro de si. Daí a origem do dito popular atribuído a eles: ”Se aqui existe gobierno yo soy contra.” (Fontes: História da Sociedade Espanhola de Socorros Mútuos de Porto Alegre e Vultos de Sant’Ana de Ivo Caggiani).
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