Guerreiros Charruas
No meio dos meus alfarrábios, encontrei uma página amarelada pelo tempo de um assunto bem interessante sobre os temidos charruas. Fiz a tradução da narração do escritor, da época, José Brito Del Pino, de um grupo de charruas rumo ao acampamento do exército oriental, em 1826, e ele nos diz: “Na tarde chegaram uns 20 charruas com o seu chefe Perú, o capitão Soares e sua mulher Alzaquita. O extravagante de alguns, se apresentaram à minha imaginação como os Hunos da maneira quando desceram do Norte rumo ao meio-dia da Europa. Montavam num só cavalo a rédea e todo o apero consistia por um pedaço de couro fresco como montaria. Não se desprendiam dele até apodrecer, e então matavam outro animal para substitui-lo. Quando não o tinham, mesmo que o cavalo esteja matado (feridas no lombo), montavam sobre as feridas do animal. Todos estavam com a frente nua e nas costas tinham um “quillapí” ou “courinho” composto de vários potrilhos, etc, e pintado de varias cores do lado oposto da pelagem, e o trazem enfiado no pescoço. Não usam chapéu e não usam nada na cabeça, e só por luxo atam um lenço quando ganham de presente. Todos vinham armados, uns com “chuzas” (lanças), outros com arco e flechas, todos com boleadeiras e outros com um pau e na ponta uma pedra, um garrote dos antigos. Seu aspecto era de vez horrendo e repugnante; em seu olhar transmitia a crueldade que é sua característica, e todo o seu corpo a sujeira em que viviam. Notava-se neles uma crosta de imundície e sua presença era intolerável. Reparei alguns com todo o corpo cheio de cicatrizes e ao questionar me disseram que quando tinham um motivo de pesar, demonstravam mutilando-se com cortes e mutilações. Soube que o melhor presente era atar um potro entre dois paus de maneira que não possa cair nem se mover e nessa posição fazem nas artérias e jugulares um corte com uma ponta grossa. O esguicho de sangue é recebido com grande prazer na boca daqueles caribes, até o animal morrer dessangrando.
Também retiravam a decomposição dos alimentos que se encontrava no ventre de tais animais e bebiam com a maior satisfação o líquido resultante. Me contaram que não tem ritos religiosos e nem ideia de divindade e que vivem em absoluta imoralidade. Estes bárbaros vivem do roubo. Matam sem piedade a qualquer que encontram sem defesa ou resistência. São cruéis e insaciáveis em matar e são vingativos quando sofrem alguma injúria ou desafeto”.
Esta narrativa está registrada no livro de B. Del Pino “Diário de la Guerra del Brasil”. No governo do General Rivera, os Charruas foram perseguidos e exterminados pelas expedições punitivas. Foi o fim de uma raça bravia e guerreira. Lutaram contra os espanhóis e portugueses ao lado de Artigas. Os Charruas são o símbolo do povo uruguaio.
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