História

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UMA ESTRATAGEMA FELIZ

O Rio Grande do Sul era ainda no século XVII quase desconhecida de gente rustica, modesta e excepcionalmente forte, que, para as demais capitanias, era uma raça equestre, cercada de uma aureola lendária de lutas, crimes, de heroísmo e de rebeldias. Também estrategistas que se destacaram nas lutas contra os invasores. O historiador João Maia registra um episódio dessa natureza: “Ao cair a máscara, diante de tal recepção, o general espanhol Vertiz mandou absolutamente carregar sobre a pequena guarnição portuguesa, que teve de ceder à grande superioridade numérica do inimigo. E em seguida intimou oficialmente o governador português, em nome de seu rei e alegando pretendidos direitos, a desocupar aquelas campanhas dentro do prazo de oito dias, sob pena de lançar mão na força. Socorreu-se, o governador José Marcelino de um hábil estratagema que veio tirá-lo das aperturas em que se achava. O governador simulando chegar da capital, fez espalhar os soldados, vibrar os clarins, rufar tambores, e troar, em sucessivas salvas, a artilharia da fortaleza que, embandeirada e armada, com flamulas e galhardetes, apresentava um duplo aspecto, de festa e de força, destinado a infundir terror ao inimigo. De fato, possuiu-se este de invencível pânico, em face de tanta ostentação de pujança e de esplendor, contrastando com a ideia a que fazia da posição portuguesa e das informações que tivera de que a fortaleza de Rio Pardo estava desmantelada e com as peças de canhões encravadas. Foram severamente punidos os espiões que haviam prestado essas informações. Mal sabia, porém, Vertiz que, na realidade, a estrondosa artilharia que o abalara tanto, não passava de umas pobres e resumidas peças de ferro… O exército espanhol ultimara os seus aprestos para levantar acampamento, quando, na manhã seguinte à sua suposta chegada, o Governador José Marcelino mandou fazer cumprimentos ao general Vertiz, que os correspondeu afetuosamente. Não tardou muito que chegasse à fortaleza um expresso da parte do chefe inimigo, com um ofício para José Marcelino. Vertiz despedia-se do governador português, visto achar-se completa a diligência de visitar o território pertencente a el-rei, seu amo”. Estava malograda a empresa conquistadora lançada pelo governador das províncias do Prata. E se o Rio Grande que até então, continuava quase abandonado e desprovido de meio de defesa, não caiu em poder do exército invasor, deve-o principalmente à temeridade e patriotismo de seus filhos desvelados, conduzidos às pelejas pelo valente capitão Rafael Pinto bandeira”.  Esse valente fronteiro e seus Dragões expulsaram os espanhóis do território invadido. A fortaleza de Rio Pardo foi chamada de “Tranqueira invicta”. Nunca foi conquistada pelos espanhóis.

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