História – 22/08/2020

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Os Açorianos

Sempre foi uma ideia do Rei de povoar a fronteira com os espanhóis. Mas foi em 1750 que se tornou urgente a colonização. Além do que, progredia com lentidão, o povoamento através das estâncias, o que a metrópole resolveu dar-lhe novo impulso, enviando para aqui imigrantes açorianos, habitantes das ilhas superpovoadas, necessitados de novas terras.  Porque a Corte de Lisboa estava, afinal, convencida de que a melhor maneira de garantir a posse da terra era povoá-la. Quem eram os açorianos? –  Eram homens de têmpera antiga, que, para honra nossa, vinham fundar essa população de que descendem os atuais habitantes, em sua maioria, do velho Continente de São Pedro. Os ilhéus, separados por tantas léguas de mar, mantinham intactos os usos antigos do Continente. Foi contratado o transporte de 4.000 casais, a quem seria dada uma ajuda de custo, utensílios e recursos em dinheiro e grãos para sua manutenção durante o primeiro ano. Estes deviam ser gente moça e sadia, pois que as instruções limitavam a idade dos homens em quarenta anos, e em trinta a das mulheres. Mas isso não foi praticado, e as instruções foram burladas pelas autoridades, despachando o maior número possível de velhos, doentes incapazes e indesejáveis. Foi exigido que a maior parte dos imigrantes fosse constituída de gente pacífica, bons agricultores e iniciados nas artes das construções. Sobretudo, gente de bons costumes e habituados ao trabalho. Faltava-lhes, é certo, a combatividade do português, do paulista e do mameluco, sem a qual não seria possível manter a posse da terra, mas não lhes faltava o desejo de fixar-se a ela e trabalhar. Dos quatro mil casais prometidos, apenas pouco mais de mil vieram efetivamente para o Rio Grande. Sem contar, naturalmente, os açorianos que antes, em diferentes épocas, aqui haviam chegado. Os colonos foram distribuídos pelos territórios pacificamente em poder do império. Agrupamentos açorianos deram origem a Mostarda, Estreito, Osório, Porto Alegre, Santo Amaro, Taquari, Rio Pardo, Gravataí. Infelizmente foram abandonados, sem recursos, saudosos da terra distante, desiludidos, sentindo falharem as promessas de seu rei. A própria distribuição das terras foi executada com muita lentidão. Não receberam a ajuda de custo, nem os demais auxílios prometidos. Julgaram-se ludibriados e arrependeram-se de terem vindo, mas, como não lhes restava outra alternativa, ficaram.  Mas a maioria, felizmente, encontrou energias para se impor aos obstáculos de toda sorte que o desleixo dos governos não soube resolver. Seus filhos já identificados com o meio, tornaram-se gaúchos, estanceiros e milicianos destemidos na defesa do solo rio-grandense. Uma fecunda semente de uma raça forte e sadia, que nos legou o Rio Grande de hoje.

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