A GRANDEZA DOS GUERREIROS DE PONCHO
A história não é história a não ser que seja verdade. Porém, sua veracidade está registrada em diários daqueles que vivenciaram os momentos da guerra. Eu me refiro aos guerreiros do general Gumercindo Saraiva, comandante das forças maragatas na Revolução de 1893. Um líder nato, considerado o Napoleão dos pampas, um estrategista temido e respeitado pelos governistas. Garimpando encontrei no livro Coração de Caudilho, de Ricardo Aldabó Lopez, a narrativa do comportamento de seus combatentes, que diz: “Os gaúchos seguem fielmente a Gumercindo, sob qualquer circunstância e apesar de todas as penúrias. Se for necessário oferecer suas vidas para seguir ao caudilho, eles o fazem com a satisfação de morrer por ele e junto a ele. E isto acontece por suas ações de homem e guerreiro. Eles viram Gumercindo ajudar empurrar as carretas de feridos e suprimentos através das picadas quase intransponíveis, íngremes e com atoleiros. Presenciaram suas demonstrações de solidariedade com os feridos e os necessitados. Souberam que desdenhou festas, honras e encontros políticos, para compartilhar o churrasco com os companheiros e dormir nas humildes tendas do acampamento. Todos apreciam a serenidade inalterável do caudilho, sua honradez, sua moral, sua humanidade e seu desprezo pelos prazeres fora de hora. Muitas vezes estiveram em combates onde o seu maior comandante atuava nos lugares mais perigosos, armado somente com seu chicote. Não há qualquer razão pecuniária ou politica nesta confiança e fé desmedidas. Poucos deles conhecem as questões políticas; somente compreendem os governantes, não os governos. Esses gaúchos não aspiram coisas fora de seu alcance, tais como eleições, cidadania e organização institucional. Eles estão na guerra para evitar a humilhação. Querem trabalhar em paz e que as autoridades mantenham a ordem. Desejam ser respeitados em seus direitos de viver e pensar. Tiranias e ditaduras não são para eles. Roubos assassinatos e desonestidades não são para esses gaúchos honrados e trabalhadores. Os guerreiros de poncho não têm preocupações políticas, as quais são deixadas para seus líderes e os doutores. Mas, assim como antes tiveram o instinto da independência e fundaram pátria, hoje têm o instinto da liberdade e fazem revoluções, abrindo caminho para a democracia. Eles escutam o coração do caudilho, que lhes fala em liberdade. Seguem sem qualquer hesitação, visando alcançar o futuro glorioso das pátrias e dos povos do Sul da América, o grande caudilho que é um deles, o primeiro deles”. Da mesma forma que os fatos registrados, os pesquisadores tem o dever de resgatar os personagens esquecidos da Revolução Federalista. É isso que procuro fazer.
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