Diálogo – 31/12/2020

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Boa sorte em 2021

Ao findar mais um ano costuma ser um tempo carregado de reflexões, onde desejar feliz ano novo neste ano dá um friozinho na barriga. Agora é desejar boa sorte, isso porque, segundo especialistas das agências de saúde e econômica teremos que ser fortes, pragmáticos e principalmente resinados com mais este desafio que a vida nos apresenta: de vencermos juntos esta pandemia.  Pois olhar para trás e projetar o futuro é natural em todo ser humano. Afinal de contas, não é o futuro que puxa, mas sim o passado que empurra.

A principal meta de 2020 nós ainda não concluímos, foi a de cuidarmos de nós cuidando dos outros. Resgatar o verdadeiro espírito de sobrevivência foi o que buscamos fazer em 2020, mas em 2021 será de muito trabalho e resignação pela economia de subsistência.

Nesta virada de ano temos muitas perguntas sem respostas. Se nos pedissem para indicar os feitos que mais orgulham nossa espécie num testemunho perante ao todo-poderoso, o que diríamos? Poderíamos nos gabar de triunfos históricos em direitos humanos como a abolição da escravidão e a derrota do fascismo. No entanto, por mais inspiradora que sejam essas vitórias, são apenas a remoção de obstáculos que nós mesmos pusemos em nosso caminho tal como colocamos esta peste zoonótica por assolarmos o meio ambiente.

Nisso, seguramente incluiríamos as obras primas de arte, música e literatura. Mas seriam de Ésquilo (dramaturgo, pai da tragédia da Grécia antiga). Contudo, existe um campo de realização de que podemos nos orgulhar tranquilamente diante de qualquer tribunal: a ciência. É difícil imaginar uma vida inteligente que não teria curiosidade a respeito do mundo em que existe e, em nossa espécie, essa curiosidade foi saciada de um modo muito estimulante. Podemos explicar muita coisa sobre a história do universo, as formas que o fazem funcionar, as coisas de que como somos feitos, a origem dos seres vivos e o mecanismo da vida, inclusive de nossa vida mental. A ciência também proporcionou ao mundo imagens de beleza sublime como o movimento congelado por estroboscópio, a fauna fabulosa das florestas tropicais e fossas oceânicas, grandiosas espirais de galáxias a circuitos neurais florescentes.

Embora nossa ignorância seja imensa, e sempre será, nosso conhecimento é espantoso e cresce a cada dia. As descobertas científicas continuam a surpreender, a deleitar, a responder ao que antes não tinha resposta. Quando descobriram a estrutura do DNA (Watson e Crick) não poderiam sonhar que um dia o genoma de um fóssil de neandertal de 38 mil anos seria sequenciado e se descobriria que continha um gene ligado a fala e à linguagem. Hoje chegamos ao DNA dos vírus num RNA mensageiro por nossa imunologia

Embora exista muitos interesses econômicos em jogo no domínio das patentes, a ciência segue lançando novas luzes sobre a condição humana, portanto mesmo com o descaso de muitos pela ciência, ela será sempre a nossa redenção com novas descobertas contra nossa extinção. Em 2021 será de transição e 2022 daremos risadas dos fiascos que testemunhamos. Então, poderemos dizer Feliz Ano Novo novamente ao som da nona sinfonia de Beethoven, ele como advogado da humanidade.

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