Diálogo – 22/05/2021

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A nova doutrina em curso

Durante cinco séculos, cinco verbos definiram o desenvolvimento do capitalismo e a colonialidade do poder no mundo. E um sexto verbo está a caminho, explica o antropólogo Rodrigo Montoya Rojas. Afirma que cinco verbos foram fundamentais no processo de formação do capitalismo e do pensamento moderno: cristianizar, isso desde os tempos romanos; humanizar, antes de cristianizar os indígenas da América, considerados muito próximos dos animais; civilizar, com os primeiros passos do capitalismo; modernizar, quando seu domínio já estava estabelecido; globalizar, para chegar a todos os rincões do mundo e reinar plenamente; e um sexto por vir, que poderia surgir da pandemia atual. Os verbos apareceram um após o outro, um mais importante que o anterior e, todos eles juntos, por causa dos velhos e novos tempos, sempre revoltos. Esta lista brotou de um olhar antropológico do Rodrigo com a formação do capitalismo sobre sua articulação econômica, social, política e cultural com os povos, as nações, as culturas e a linguagens indígenas existentes no mundo.

Em tempos de plena vigência dos valores eurocentristas, seguem lamentáveis as oposições irredutíveis: modernidade-tradição (sociedade moderna x sociedade primitiva), racionalidade-irracionalidade, razão-magia, sociedade-indivíduo, objeto-sujeito, cultura-natureza e sagrado-profano diante de uma ciência totalmente sob controle capitalista, e pior, agora entrando no controle um regime civilizatório do Oriente ávido por liderança mundial.

Por razões aqui de espaço, detenho-me na causa do complexo de superioridade, europeus e americanos, acreditavam e continuam acreditando que os homens modernos – “grandes criadores da cultura”, no singular – estão acima da natureza. Por causa desse grave erro, o planeta corre grande risco de extinção. Capitalistas, comunistas e socialistas realmente existentes estão de acordo em roubar do planeta e da mãe Terra todos os seus “recursos”. Imbuídas dessa profunda convicção: as empresas multinacionais matam rios, exterminam florestas, deixam céus sem pássaros e quando o petróleo, os minerais, o ouro e o gás se esgotam, se retiram deixando imensos buracos para trás. Os sábios indígenas argumentam, ao redor do mundo, que os seres humanos não são donos da Terra, que somos apenas parte da natureza e que pertencemos a ela. Com suas lutas para defender seus direitos (terra, território, língua, cultura, autogoverno etc.), então, só os povos indígenas representam a esperança que nos resta.

Nos últimos quatro meses, a pandemia do coronavírus mostrou os pés de barro do capitalismo. Ele tratará de salvar-se, mas talvez não seja mais possível. A inovação destrói empregos com mais rapidez do que a educação a salva. Setores cada vez mais amplos da população ficam fora do mercado por causa da inovação, dizem os economistas.  A última lição a aprender é eticamente superior ao chamado “desenvolvimento”, entendido simplesmente como acumulação de riqueza. Não vai existir “novo normal”. O que existirá é uma grande armadilha em curso.  Armadilha para enlouquecer uma geração inteira presa ao celular, adultos no netflix e redes sociais presas num marco regulatório, onde ninguém poderá reclamar de nada. Não basta mais doutrinar, precisam deprimir e deseducar nossas crianças. Temos que acordar, reagir com uma grande revolução educacional rezando muito por um futuro iluminado do saber.

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