Do útero de Livramento: Paixão Cortes e Martin Fierro
Há uma forma de exaltação do folclore e da cultura da região, utilizado como protesto e crítica social. No que se refere à linguagem e à forma, distingue-se de outras literaturas pelo emprego de metáforas, arcaísmos, neologismos e termos aborígenes. Além disso, o monólogo é predominante sobre os diálogos e há uma agradável pouca utilização de sinônimos. No século XX, a popularidade de contos e novelas da literatura gauchesca cresceu de forma considerável e acabou por dar origem a várias associações em Buenos Aires e no Uruguai, de emigrantes que se vestiam como gaúchos e imitavam seus costumes. Com o tempo, foram fundados diversos periódicos que tratavam da temática gaúcha. O primeiro poeta gaúcho é considerado Bartolomé Hidalgo, que publicou Diálogos patrióticos, de 1822.
Nesse sentido Livramento encantou os pampas parindo do seu útero duas criaturas gigantes: a 2ª parte da obra de José Hernandes o gaúcho Martin Fierro e Paixão Cortes. Para o autor da obra, José Hernández, Sant’Ana do Livramento foi um refúgio pacífico, onde pode deixar fluir sua inspiração poética. Um início sem fim para a sua obra sobre a alma gaúcha. Para Paixão Cortes, uma manjedoura quentinha que afagou sua alma com uma homenagem em vida com sua estátua na entrada da cidade.
Estes ícones, platense e rio-grandense, são memórias vivas para a eternidade de todos os homens livres como animais selvagens em disparada a campo aberto por ideais que nos une tanto: o nativismo com toda sua indumentária costumeira de vestes, dança, doma e guerras por amor ao chão que os criou.
José Hernandez saiu da Argentina, logo após a derrota do general Lopez Jordan, em janeiro de 1871, José Hernandez veio terminar sua longa jornada em Santana do Livramento, onde deveria permanecer por algum tempo. Aqui chegando encontrou seu companheiro e amigo Juan Pirán, que havia abandonado o país pela cumplicidade no trágico episódio em que pereceu o general Urquiza. Livramento era, nessa época, o refúgio seguro de grande número de emigrados políticos que fugiam após a derrota da revolução argentina. O conhecido homem de letras, quando de sua estadia aqui, habitou um prédio que existe ainda hoje e que conserva as mesmas caraterísticas, localizado na esquina das ruas Rivadavia Corrêa e Uruguai, que mesmo com algumas placas como da Enbajada de la Republica Argentina en el Centenário de la publicacion de “Martín Fierro”, da Sociedade Crioula do Uruguay e outras duas mais, está no abandono. Uma dívida lamentável que nossos gestores têm de longa data com nossa cultura em geral.
João Carlos D’Ávila Paixão Côrtes. Nasceu em Livramento no Rincão dos D’Ávilas em 12 de julho de 1927, faleceu em Porto Alegre em 27 de agosto de 2019, um ano depois de inaugurar sua estátua em sua terra natal em 27 de agosto de 2018. Recebeu a Ordem do Mérito Cultural. É um dos fundadores do MTG, o Movimento Tradicionalista Gaúcho, modelo da estátua do laçador em 1954 e escreveu 10 livros sobre a cultura gaúcha.
Enfim, foram exemplos de homens livres e de amor por tudo que nos cerca enquanto criaturas santanenses de Deus que nunca vamos esquecer.
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