O antes de nós
Nosso chão foi testemunha de operações multitudinárias da cavalaria, de milhares de cavaleiros indígenas liderados por seus capitães espanhóis ou portugueses. Foram anos e anos, correndo léguas e a vadear os rios da região, desde o rio Uruguai até os rios Taquarembó, Ibicui, Ibirapuitã… Os índios com um perfil de bravura perseguiram e foram perseguidos; hostilizaram e foram hostilizados; foram valor e ataque; anos depois, exibição e esquecimento. Aos pouco foram sendo expulsos, abandonando suas habitações a ruína como prova do extermínio, mesmo assim, nos deixaram a sua língua dominante tupi-guarani como memória. E nesse corcovear nos pampas, mesmo diante de nossa origem portuguesa, los hermanos também nos marcaram na paleta nossa origem.
É o caso surpreendente do descendente de Sepé em Masoller: Um grupo de pesquisadores que ganhou um concurso do Ministério de Educação do Uruguay com o projeto “Por las huellas de Sepé”, investigaram a vida do último Cacique Charrúa Sepé em Masoller (Departamento de Rivera). São eles Yamandú Cruz, Rodrigo Spaenuolo y Sergio Borfain. A investigação teve caráter histórico, começou em Montevidéu, continuando em Paysandú, Tacuarembó, Artigas e Rivera. Ao finalizarem as pesquisas no território uruguaio, o qual o Cacique viveu vários anos deixando profundas pegadas no departamento de Rivera. Os pesquisadores visitaram Masoller onde o Cacique esteve e entrevistaram muita gente que ficaram interessadas com a história. Suspeitam que Sepé, esteve ali antes de matar o Coronel Bernabé Rivera e depois fugir para terras brasileiras, onde se misturou e lutou ao lado dos Farrapos (1835-1845). Calculam que faleceu ali e que a sua cabeça, depois de desenterrada, foi levada a um lugar desconhecido. Sobre o Sepé disseram que o último Cacique charrua ao falecer nos anos de 1864/1866, os possibilitou a conhecer os testemunhos daqueles que sabem da sua vida. Ele se salvo de “Salsipuedes” (emboscada num afluente do Rio Negro em 11-04-1831, considerada o masacre dos Charruas, atribuído a Fructuoso e seu sobrinho Bernabé Rivera – o local foi denominado “Cueva del Tigre”). Ele regressou ao país depois da Grande Guerra de 1845 (Farrapos) para instalar-se nos campos de Taquarembó. Isso lhes permitiu falar de um ser que se conhecia seu modus vivendi, se sabia que tinha filhos, uma tribo que estava dizimada, mas mesmo assim restavam alguns integrantes. Contam que estes mesmo índios com a raiz de uma roupa contaminada por varíola, morreram, sobrevivendo somente Sepé e seus dois filhos, seus dois fiéis cães, que ao falecer seu dono, se deitaram no sepulcro e ali morreram de tristeza. Supõe-se que seu falecimento foi por envenenamento de uma bebida numa pulperia. Contam que durante a sua existência gostava de contar como havia dado morte a Bernabé Rivera e isso foi motivo de que ganhasse muitos inimigos.
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