Diálogo

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O trabalho está à venda

Os trabalhadores estavam ameaçados bem antes da pandemia. O mundo percebe a iminência da extinção do trabalho formal como no tempo dos nossos pais, e pode ser que não haja o “depois”. Perceberemos, enfim, que somos parte do capitalismo?

Um exemplo claro de como o trabalho está sendo desenhado hoje em dia é o da Amazon, censura ideias e palavras “perigosas”. A Corporação baniu palavras como “sindicato”, “aumento”, “diversidade” e até “banheiros” em app interno de mensagens. Frente às mobilizações trabalhistas, Bezos aposta em censura e investe milhões em consultorias antissindicais.

Segundo Ken Klippenstein, no The Intercept Brasil, a Amazon bloqueará e sinalizará postagens de funcionários que contenham palavras-chave ligadas a sindicatos, em um aplicativo interno de mensagens que está sendo planejado, segundo documentos internos da empresa analisados pelo Intercept. Um monitor automático de palavras também bloquearia uma série de termos que poderiam representar críticas às condições de trabalho da Amazon, como “trabalho escravo”, “prisão” e “plantation”, bem como “banheiros” – termo presumivelmente relacionado a relatos de funcionários da Amazon se aliviando em garrafas plásticas para conseguir cumprir as pesadas cotas da empresa.

A empresa disse que as equipes estão sempre pensando em novas maneiras de ajudar os funcionários a se envolverem uns com os outros”, disse a porta-voz da Amazon, Barbara M. Agrait. “Esse programa em particular ainda não foi aprovado e pode mudar significativamente, ou até nunca ser lançado”. Numa reunião de alto nível em que os principais executivos da empresa discutiram planos para criar uma rede social interna que permitisse aos funcionários reconhecer o desempenho dos colegas de trabalho com postagens chamadas de “Shout-Outs”, ou “aclamações”, segundo uma fonte com conhecimento direto do assunto.

O principal objetivo do programa, disse Dave Clark, chefe mundial de negócios do consumidor, era reduzir o desgaste dos funcionários, promovendo a felicidade entre eles – e também a produtividade. Os Shout-Outs seriam parte de um sistema de recompensas estilo videogame, no qual os empregados recebem estrelas virtuais e medalhas por atividades que “agregam valor comercial direto”, dizem os documentos. Na reunião, Clark observou que “algumas pessoas colecionam estrelas loucamente”. Mas os funcionários da empresa também alertaram para o que eles chamaram de “lado escuro das mídias sociais”, e decidiram monitorar ativamente as postagens para garantir uma “comunidade positiva”. Na reunião, Clark sugeriu que o programa deveria se parecer a um aplicativo de encontros online como o Bumble, que permite que os indivíduos se envolvam um a um, em vez de uma plataforma mais parecida como um fórum, como o Facebook.

Muito além para o movimento de trabalhadores, incluindo “sindicato”, “queixa”, “aumento salarial” e “remuneração”. Outras palavras-chave banidas incluem termos como “ética”, “injusta”, “escravo”, “mestre”, “liberdade”, “diversidade”, “injustiça” e “equidade”. Até mesmo algumas frases como “isso é preocupante” serão proibidas. Penso que as pessoas geram sentimentos negativos entre quem está lendo e quem recebe mensagens de trabalho, e que, esse relacionamento a distância vai nos pôr o trabalho, como conhecemos, à venda. Está iniciando globalmente a capitalização do trabalho. Seja a mudança do seu amanhã! Faça, mude, transforme! Feliz Dia do Trabalho!

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