Diálogo

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Nazismo e comunismo

Muitos se digladiam sobre o nazismo e o capitalismo nas redes sociais e, eu digo, julgamentos a parte, que a educaçã pode nos livrar da desinformação. Há uma tendência de relativização e falsa equivalência entre o nazismo e comunismo na tentativa de dizer que todos fizeram igual, e seriam equivalentes. Não interessa o lado, certas práticas deles são moralmente indefensáveis. Como resultado, temos um revisionismo histórico constante e deturpado e a única vacina é o conhecimento: da área, dos especialistas, dos que se sujeitaram ao diálogo e contraditório e qualquer diálogo deve partir disso.

O primeiro ponto de diferença é seu raio de ação. Embora o comunismo tenha, em muitos casos, características locais, a sua característica de origem é o internacionalismo. A base do Nazismo é o nacionalismo extremado, a afirmação dos valores internos, a afirmação das características de diferenciação (raça/etnia e língua) em relação aos demais. As bases Nazistas são exemplos perfeitos da continuidade dos valores nacionalistas: de uma das bases da afirmação nacional, a “autodeterminação dos povos”.

A principal premissa, a da diferenciação racial, no nazismo ultrapassava a ideia de diferenciação étnico-racial para adquirir um status de hierarquização moral: eles se viam no topo da tabela de hierarquia racial, o que os tornava superiores aos outros. Essa ideia de superioridade levou-os a buscar a pureza racial, por isso não viam contradição entre sua afirmação de valores superiores e a destruição sistemática dos “diferentes”, tanto de seu próprio povo (os “defeituosos”, doentes, homossexuais); quanto os que não tinham sangue alemão, principalmente o inimigo secular na Europa, os judeus, que viam como seres inferiores, racial e moralmente: eram sub-humanos. Destruí-los se tornou uma obrigação moral para o Nazismo.

Se o comunismo entendia a expansão imperialista como tarefa determinada pela história para a libertação dos povos, o Nazismo afirmava sua superioridade em relação aos outros povos e, nessa narrativa, o seu modelo era de submissão e escravização dos outros povos, buscando os recursos que pudessem sustentar seu próprio povo (“lebensraum”). Max Hastings mostra que o genocídio por inanição era política de Estado, tanto em relação aos prisioneiros quanto dos povos conquistados.

O problema é que essas ideias não podem ser vendidas hoje com a mesma facilidade. Afirmar a superioridade, valorizar valores nacionalistas, é uma coisa. Pregar uma depuração racial para fortalecer esses valores, é outra coisa. É necessário criar um ambiente de conflito para que o “outro” possa ser atacado por outros motivos, que não o racial. A estratégia hoje de tornar o nazismo de esquerda, equipará-lo ao comunismo é ignorância.

Por fim, é importante entender que a ideia-força dos comunistas era a de superar as relações sociais indiretas e alienadas mediadas que estão pelas mercadorias e pelo dinheiro. A ideia-força nazista era a questão racial. Se o ideário comunista propunha a estatização dos meios de produção, o fim da propriedade privada e o dirigismo estatal da economia. O Nazismo surgiu do nacionalismo exacerbado, um produto idealizado pela burguesia liberal.  Esse é o incômodo e a base do revisionismo. O apoio da burguesia liberal e dos católicos conservadores foi importante para chegarem ao poder, pois viam no Nazismo uma barreira contra o comunismo.

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